Diminuição do gelo marinho abre passagens no Árctico

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 Norte da Rússia, a Rota do Mar do Norte (também conhecida como a Passagem do Nordeste) é aberta ao tráfego de transporte . Esta imagem foi obtida pelo instrumento MERIS no satélite Envisat da ESA, em 25 de Agosto e mostra o arquipélago Severnaya Zemlya rodeado por águas abertas. Créditos: ESA

As imagens de satélite mostram que se aproxima outro ano abaixo da média no que diz respeito à cobertura de gelo no Árctico. O degelo durante os meses de Verão abriu duas grandes vias para a navegação no Oceano Árctico.
Em 2008, os satélites registaram a abertura simultânea da Passagem do Noroeste e da Rota do Mar do Norte, pela primeira vez desde que se iniciaram as observações de satélite, nos anos setenta; agora ocorreu novamente.
A Rota do Mar do Norte, por cima da Rússia, tem estado aberta ao tráfego marítimo desde meados de Agosto; e agora parece estar também aberta a Passagem Noroeste, de acordo com observações de satélite recentes.
Situada no Arquipélago Árctico Canadiano, a Passagem do Noroeste pode ser um atalho para a navegação entre a Europa e a Ásia. No entanto, a abertura desta rota acarreta quer potenciais reclamações de soberania quer o risco de que espécies marinhas migrem através do Árctico.
Em 2007, a cobertura de gelo no Árctico atingiu um valor mínimo, desde o início das medições de satélite, quase três décadas antes. Nesse mesmo ano abriu-se pela primeira vez a Passagem do Noroeste, historicamente não navegável.
As invulgares condições climáticas contribuíram para a perda recorde de gelo em 2007: o vento levou ar quente à região central do oceano Árctico, o que provocou um degelo acentuado.
Os padrões meteorológicos não foram os mesmos este ano, no entanto, a abertura precoce das vias de navegação sugere que possamos estar prestes a atingir um novo recorde de perda de gelo.
“Ainda faltam três ou quatro semanas para que se alcance o mínimo de cobertura de gelo, e o que vier a acontecer dependerá muito das condições meteorológicas no Árctico estas semanas”, disse Toudal Pedersen, investigador do Instituto Meteorológico Dinamarquês.
“No entanto, quer alcancemos um mínimo absoluto quer não, este ano confirma-se que estamos num novo regime, com muito menos gelo que anteriormente, durante o Verão.
“Nos últimos cinco verões tivemos as coberturas de gelo mais escassas alguma vez registadas”.
Todos os anos, por cima do Árctico forma-se uma grande cobertura de gelo flutuante que depois se derrete, só que a taxa de degelo foi acelerada.
Durante os últimos 30 anos os satélites que observam o Árctico registaram reduções na cobertura mínima de gelo, no final do Verão: dos 8 milhões de quilómetros quadrados no início dos anos oitenta, ao mínimo histórico de menos de 4,24 milhões de quilómetros quadrados em 2007.
Antes da chegada dos satélites era muito complicado fazer medições do gelo marinho: não só é difícil chegar ao Árctico, como também o mau tempo é frequente na região e a escuridão permanece por longos períodos.
Os radares nos satélites de observação da Terra, como o Envisat, da ESA, estão especialmente preparados para vigiar as regiões polares porque conseguem recolher imagens independentemente das nuvens e da escuridão.
Nas próximas semanas a ESA continuará a vigiar a situação no Árctico, com os seus satélites Envisat, CryoSat e SMOS.


Esta imagem Envisat de 24 de Agosto mostra uma pequena parte da Passagem do Noroeste, que agora está sem gelo. Localizado no Arquipélago Ártico Canadense, a Passagem Noroeste pode ser um corte de transporte marítimo de curta entre a Europa ea Ásia. Créditos: ESA

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