1ª Conferência Europeia Náutica Espaço Atlântico, na Bretanha

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NEA é modelo de referência para a Estratégia Marítima Atlântica

A 1ª Conferência Europeia Náutica Espaço Atlântico, que se realizou, nos passados dias 26 e 27 de Outubro, em Brest, na Bretanha, pautou-se pelo êxito, tanto para o projecto NEA, um modelo de cooperação entre 23 parceiros, como para a náutica na Europa, devendo o know-how da fileira náutica Atlântica ser um referencial decisivo para a Estratégia Marítima Atlântica, a apresentar em Lisboa nos próximos dias 28 e 29 de Novembro.

Com a designação de “Desafios e Oportunidades de Desenvolvimento Sustentável do Sector Náutico nas Regiões Atlânticas”, esta conferência, organizada pelo Conselho Regional da Bretanha, pelo Conselho Geral de Finistèrre e pelos parceiros do projecto NEA2, com o apoio da União Europeia, juntou 300 participantes, oriundos de Portugal, Espanha, França, Irlanda, Inglaterra, Itália e Bélgica, que, partindo do conhecimento e experiência adquiridos no NEA, debateram os desafios e o desenvolvimento sustentável do sector, contribuindo para a construção de uma forte identidade atlântica.
Para o alto nível deste evento, além do resultado excelente do NEA, pontuaram a riqueza, a experiência e a diversidade de conhecimento e de actuação dos peritos participantes.
Joan Anton Camunas, ex-Vice-Ministro do Desporto da Catalunha, considera que esta experiência náutica da fileira Atlântica é de extrema importância para os países em desenvolvimento, como o Brasil ou a China.
William Bird, membro da Ordem do Império Britânico e fundador e director da empresa Intelligent Health, explicou que a vivência costeira e as actividades náuticas têm um impacto evidente na saúde, com benefícios comprovados em patologias como diabetes e stress crónico. Considerando, por isso, que o Espaço Atlântico é uma fonte de saúde.
Jean-Yves Le Drian, Presidente do Conselho Regional da Bretanha e da Conferência das Regiões Periféricas Marítimas da Europa, Vice-Presidente do Comité das Regiões da União Europeia e ex- Ministro do Mar da República Francesa, também reiterou a importância dos projectos NEA e NEA2 para o Espaço Atlântico, pois entende a náutica como o principal veículo para o desenvolvimento e afirmação de uma cultura marítima com impacto. Nesse âmbito, encetará esforços junto das instituições europeias para a afirmação desta estratégia comum.
Ciara Delaney, assessora para os Assuntos Marítimos da Representação Permanente da Irlanda na União Europeia, em Bruxelas, desde Março último, afirmou a importância do NEA para a concretização de uma política marítima sustentável na União Europeia.
Inma Valência, directora da Representação do Governo da Cantábria junto da União Europeia e que, desde 2010, lidera o grupo “energias marítimas renováveis” da Comissão do Arco Atlântico considera que esta Conferência foi um êxito, tanto para o projecto NEA como para a náutica na Europa, uma vez que aconteceu a cerca de um mês da apresentação da Estratégia Marítima Atlântica, em Lisboa. Trata-se de um projecto que apresentará um plano de acção para o sector, no qual serão definidas prioridades. Para esta estratégia, cuja primeira proposta aconteceu aquando da Assembleia Geral da Comissão do Arco Atlântico, em Santander, em 2009, “a contribuição dos parceiros do NEA pode ser de extrema importância”.
A Cantábria presidirá à Comissão do Arco Atlântico e à Conferência das Regiões Periféricas Marítimas da Europa a partir de 2012. Uma das suas orientações será o desenvolvimento da Estratégia Atlântica. Neste âmbito, considera que os resultados do projecto NEA2 serão importantes para que as regiões identifiquem âmbitos nos quais a cooperação seja essencial para estruturar o espaço atlântico e contribuir para os objectivos da Agenda Europa 2020 de crescimento inteligente, inclusivo e sustentável.
Para Miguel Marques, director da PricewatherhouseCoopers e responsável pelos projectos relacionados com a Economia do Mar, o exemplo de cooperação do NEA, que lhe foi apresentado, é singular e representa uma referência de visão integrada da fileira náutica ao nível das regiões atlânticas da União Europeia. “A experiência acumulada de cooperação entre regiões europeias, procurando a excelência para a náutica de recreio, deve ser analisada pelos diversos agentes políticos, económicos e sociais de forma a ser replicada e desenvolvida, numa perspectiva de cooperação global, em consonância com a evolução que assiste ao mundo e procurando acrescentar valor às regiões, através de parcerias que demonstrem ganhos claros para todos os países/regiões envolvidos.”
O representante da Comissão Europeia, Yves Auffret, membro do Gabinete da Comissária Europeia dos Assuntos Marítimos e Pescas e coordenador da Política Marítima Integrada da União Europeia, e que, no seu discurso, aludiu a dois poetas portugueses de renome Luís de Camões e Fernando Pessoa que eternizaram o mar, afirmou também a necessidade da fileira plasmar-se no plano de acção futuro da Estratégia Marítima Atlântica, como “projecto bandeira” da própria construção europeia.

Parcerias exemplares marcam o NEA2
O projecto NEA2 “Nautisme Espace Atlantique 2”, financiado pelo Programa de Cooperação Transnacional Espaço Atlântico, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, visava o desenvolvimento sustentável e coordenado do conjunto da fileira náutica nas regiões da faixa atlântica através de um reforço de cooperação baseado em três eixos temáticos: desenvolvimento económico, protecção do ambiente e coesão social. No âmbito de cada um destes, realizaram-se diversas acções comuns transnacionais e locais.
O balanço do projecto NEA foi extremamente positivo, pois demonstrou a força e o potencial de desenvolvimento do sector náutico Atlântico, permitiu a cooperação entre regiões, resultante de intercâmbios e acções conjuntas de desenvolvimento, uma maior sensibilização para as questões ambientais. Este projecto permitiu, sobretudo, a emergência de uma vontade, a de construir em conjunto uma estratégia de desenvolvimento sustentável do sector náutico no Espaço Atlântico.
Para João Zamith, vice-presidente da Intercéltica, que coordenou o eixo meio ambiente do NEA2, a componente ambiental da fileira náutica pode dar um contributo crucial para a sustentabilidade das regiões atlânticas, tornando-se um exemplo internacional a seguir. Para isso entende que será importante, no seguimento dos excelentes resultados obtidos, criar um modelo para a base náutica do futuro no espaço atlântico, desenhado segundo os princípios da construção bioclimática, com recurso a processos e materiais de construção sustentáveis, integrando sistemas e tecnologias inovadores e com um tratamento exemplar do fluxo de resíduos sólidos e líquidos.
Este projecto no horizonte de 2025 pretende tornar o Espaço Atlântico o pólo internacional do sector náutico. Assim, deverão ser desenvolvidas acções conjuntas de cooperação para incentivar o acesso de toda a população do Atlântico aos desportos e actividades náuticas; desenvolver uma visibilidade da náutica atlântica à escala internacional; iniciar a cooperação económica através da investigação, inovação e formação, e valorizar os produtos e conhecimentos técnicos à escala internacional; tornar o espaço atlântico o laboratório de ensaios e a montra da náutica amiga do ambiente; construir uma governação de cooperação náutica em todo o Espaço Atlântico Europeu; fortalecer os Jogos Náuticos Atlânticos como símbolo da ligação atlântica.

Viana do Castelo recebe Jogos Náuticos Atlânticos 2013
Durante esta Conferência Europeia, Vítor Lemos, vice-presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, procedeu ao anúncio oficial da organização dos Jogos Náuticos Atlânticos de 2013 em Viana do Castelo. Os Jogos Náuticos do Atlântico (JNA) são um referencial identitário para o Atlântico.
Neste evento também estiveram presentes representantes de cinco clubes náuticos da região, que tiveram oportunidade de conhecer algumas estruturas náuticas de referência na Bretanha.
Entre as várias visitas efectuadas pela Intercéltica, destaque para a que realizou à École Nacional de Voile et des Sports Nautiques, estrutura de referência com 40 anos de existência, que ocupa um parque de sete hectares e onde terão lugar os Jogos Náuticos 2012, em Morbihan, na Bretanha. Esta visita foi guiada pelo Jean-Yves Le Deroff, campeão Olímpico de Vela na Classe Tornado e organizador dos JNA 2012.

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