Rosetta e Philae: um ano de aterragem num cometa

0

Um ano após a histórica aterragem num cometa, as equipas da missão mantêm a esperança de voltar ao contacto com o módulo de aterragem, enquanto preparam o grande desfecho do próximo ano: comandar o impacto do orbitador Rosetta no cometa.
A Rosetta chegou ao Cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko a 6 de agosto 2014, e depois de uma análise inicial e de uma escolha do local de aterragem, o Philae foi posto na superfície, a 12 de novembro.
Depois de poisar na região de Agilkia, como planeado, o Philae não conseguiu segurar-se ao cometa e rebolou até um local em Abydos. O seu voo pela superfície pode ser visto numa nova animação, que usa dados recolhidos pela Rosetta e pelo Philae, para reconstruir a rotação e atitude do módulo.
Neste ano que decorreu desde a aterragem, foi feita uma análise exaustiva às razões porque o Philae rebolou.

Copyright: ESA/Rosetta/MPS for OSIRIS Team MPS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA

Copyright: ESA/Rosetta/MPS for OSIRIS Team MPS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA

Foram usadas três formas de o prender, depois da aterragem: parafusos, harpões e um pequeno foguete. Os parafusos de gelo foram desenhados tendo em mente um material relativamente macio, mas afinal Agilkia revelou ser bem mais rígido e os parafusos não penetraram na superfície.
Já os harpões eram capazes de funcionar quer em material suave, quer duro. Deviam disparar quando em contacto e prender o Philae à superfície, mas aqui também houve imprevistos, relacionados, pensa-se, com a falha de um sensor. Mesmo assim, os responsáveis da missão tentarão voltar à técnica do harpão, caso retomem o contacto com o Philae.

Copyright: Sound: ESA/Rosetta/Philae/SESAME/DLR (CC BY-SA IGO 3.0); Image: ESA/ATG medialab

Copyright: Sound: ESA/Rosetta/Philae/SESAME/DLR (CC BY-SA IGO 3.0); Image: ESA/ATG medialab

A razão é científica: nos harpões há sensores que poderão medir a temperatura abaixo da superfície.
Apesar das cambalhotas não planeadas, o Philae completou 80% da sua primeira sequência científica, antes de entrar em hibernação nas primeiras hora do dia 15 de novembro, quando a bateria principal ficou completamente gasta. Não havia luz suficiente na localização final do Philae, em Abydos, para carregar as baterias secundárias e continuar as medições científicas.
Esperava-se que à medida que o cometa se aproximava do Sol, em direção ao ponto de maior proximidade, em agosto, fosse obtida energia suficiente para reativar o Philae. De facto, foi estabelecido contacto com o lander a 13 de junho mas só se conseguiram oito contactos intermitentes até 9 de julho.

O problema foi que o aumento da luz solar também levou a um aumento da atividade do cometa, forçando a Rosetta a afastar-se até a umas centenas de quilómetros, para ficar em segurança, o que já era demasiado longe para o Philae.
No entanto, nas últimas semanas, como a atividade do cometa a diminuir, a Rosetta começou a reaproximar-se novamente. Esta semana atingiu os 200 km, o limite para estabelecer um bom contacto com o Philar e hoje mergulha até aos 170 km.
Ainda estamos a analisar qual será exatamente o final da missão,” diz Sylvain Lodiot, chefe de operações da ESA para a Rosetta . “É muito complexo e desafiador.”
Espera-se que as observações científicas continuem praticamente até ao fim da missão, permitindo que os instrumentos da Rosetta reunam dados únicos a uma curta distância. Como até hoje não tinha sido possível.
Iremos controlar a Rosetta até ao fim, mas é muito pouco provável que quando estiver na superfície sejamos capazes de continuar a ‘falar’ com ela”, acrecenta Sylvain.
Aterrar a Rosetta no cometa será um final perfeito para esta incrível missão,” diz Patrick Martin, responsável de missão da ESA para a Rosetta. Fonte: ESA

Partilhe

Acerca do Autor

A redacção da Náutica Press prepara artigos e notícias do seu interesse, mantendo-o ao corrente do que se passa no universo da náutica de recreio e da náutica em geral, em Portugal e no Mundo.

Deixe Resposta