Portugal vai ter um novo “Livro vermelho dos peixes marinhos”

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O Oceanário de Lisboa e a Fundação Oceano Azul, em colaboração com o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa (CML), iniciam em 2021 a produção do novo «Livro Vermelho dos Peixes Marinhos de Portugal».
Trata-se de uma importante ferramenta para a fundamentação das decisões necessárias à melhor e maior conservação do oceano e que há 30 anos não é atualizada.
Em Portugal, o único «Livro Vermelho dos Peixes Marinhos de Portugal» foi elaborado em 1992/3, impondo-se uma revisão e atualização urgente desta informação, sobretudo num momento em que o mundo enfrenta uma crise climática e de extinção de espécies, e que para preservar a biodiversidade e a vida marinha se torna crítico saber quais os níveis de ameaça a que cada espécie está sujeita.
Perante este panorama de escassa informação e com um baixo número de espécies marinhas avaliadas, estas quatro entidades decidiram unir esforços para em conjunto iniciarem a produção do novo «Livro Vermelho dos Peixes Marinhos de Portugal».
Com conclusão prevista para 2023, este ambicioso projeto visa assim aumentar e atualizar o conhecimento sobre as espécies que ocorrem no mar português.
Para o início dos trabalhos foi determinante, desde logo, o apoio técnico e científico da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), bem como do ICNF, a par do apoio da CML que, prontamente reconheceu a importância estratégica deste desafio.
Através de um Protocolo assinado em julho de 2021, a CML assegurou um financiamento de 100.000 euros para apoiar este projeto, montante que permitirá avançar já com a investigação e recolha de informação sobre diversas espécies. José Sá Fernandes, Vereador do Pelouro do Ambiente, Estrutura Verde, Clima e Energia da Câmara Municipal de Lisboa, sublinha que «este é o modo de Lisboa dar um contributo e um impulso à investigação científica e à relação umbilical que sempre teve com o mar».
Sobre o novo «Livro Vermelho dos Peixes Marinhos de Portugal», João Falcato, CEO do Oceanário de Lisboa, considera que «é crítico para a preservação da biodiversidade assegurar o conhecimento científico que possa fundamentar as decisões que são necessárias à proteção das espécies marinhas. Por isso, é muito importante o Oceanário poder continuar a contribuir de forma significativa para a conservação do Oceano». Destacou ainda que «o apoio dado pela Câmara Municipal de Lisboa foi essencial, nomeadamente nesta altura de maior dificuldade financeira, para podermos dar início a este projeto crítico e ambicioso, ao qual esperamos que mais entidades venham a juntar-se».
Para este passo estratégico na promoção da conservação do oceano, foi determinante também o trabalho que tem sido feito no Oceanário de Lisboa, desde 2018, em parceria com a UICN, através da integração de um «Species Survival Officer» na sua equipa. Como resultado dessa colaboração, das cerca de 3.263 espécies marinhas avaliadas nos últimos 3 anos, o Oceanário de Lisboa já contribuiu de forma relevante para a identificação de mais de 700 espécies, o que representa cerca de 20% das espécies marinhas avaliadas internacionalmente.
A Lista Vermelha da UICN agrega a informação científica sobre risco de extinção de espécies, constituindo o maior e mais completo repositório de informação mundial sobre o tema. Em termos globais, estima-se que existam cerca de 8.7 milhões de espécies no nosso planeta, das quais já foram descritas mais de 1.2 milhões, a grande maioria terrestre. Contudo, somente 138.374 espécies foram avaliadas a nível global, das quais apenas 16.921 são espécies marinhas.
A par da Lista Vermelha da IUCN, também o «Livro Vermelho dos Peixes Marinhos de Portugal» será uma ferramenta determinante que permitirá ambicionar uma melhor proteção e conservação no mar de Portugal.

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