Team Holcim – PRB fica em segundo na Etapa 5, com Team Malizia em terceiro
Lloyd Images / The Ocean Race Europe 2025
O IMOCA Biotherm, com bandeira francesa e comandado por Paul Meilhat, venceu a quinta e última etapa de The Ocean Race Europe – as 1.600 milhas náuticas entre Génova, Itália, e a Baía de Boka, no Montenegro – confirmando assim uma vitória espetacular na classificação geral da regata de cinco semanas e 4.500 milhas náuticas ao redor da Europa.
O Biotherm cruzou a linha de chegada na Baía de Boka às 21:13:33 (hora local), completando o percurso em sete dias, oito horas, 33 minutos e 13 segundos e somando sete pontos para a classificação geral.
Tendo vencido a primeira, segunda e terceira etapas, bem como arrecadado a pontuação máxima nos Scoring Gates, e terminado em terceiro na Etapa 4, a equipa francesa atingiu um total de 48 pontos, uma vantagem inalcançável que os consagra campeões de The Ocean Race Europe 2025.
Desde a partida de Génova, no domingo 7 de setembro, o Biotherm esteve sempre entre os líderes, numa rota complexa que levou a frota de sete barcos pela costa oeste da Córsega e da Sardenha, a sul da Sicília e, depois, rumo a norte para entrar no Mar Adriático em direção à Baía de Boka.
Após dois primeiros dias muito lentos, com ventos extremamente fracos, em que a frota avançou pouco para sul, procurando brisas térmicas junto à costa italiana e francesa, os velejadores tiveram depois de enfrentar trovoadas quase constantes, chuva torrencial e espetáculos de relâmpagos impressionantes, mas também momentos de navegação de alta velocidade em foil, atingindo até 34 nós.
Entretanto, houve más notícias para o Canada Ocean Racing – Be Water Positive (6.º lugar) de Pip Hare (GBR) e para o Team AMAALA (SUI/KSA) de Alan Roura (7.º lugar), que ficaram presos numa zona de transição com trovoadas e perderam as condições de vento favorável que beneficiaram o grupo da frente.
Biotherm crew Benjamin Ferre, Amelie Grassi com Paul Meilhat, skipper of Biotherm, celebrate winning Leg 5 and overall winners of The Ocean Race Europe 2025 in Boka Bay, Montenegro on September 15, 2025. (Photo by Vincent Curutchet / The Ocean Race Europe 2025)
O Biotherm assumiu a liderança na penúltima marca de passagem, depois de contornar a Sicília, e daí em diante jogou de forma tática, cobrindo cada movimento dos seus rivais nas condições maioritariamente de bolina.
Apesar de o Paprec Arkéa de Yoann Richomme (FRA) ter tentado uma rota mais a leste, junto à costa da Albânia, nas últimas 24 horas, Meilhat e a sua tripulação – Amélie Grassi (FRA), Benjamin Ferré (FRA) e Carlos Manera (ESP) – mantiveram-se fiéis ao seu plano e fecharam a etapa e a prova com estilo.
Ao chegar a terra, Meilhat disse que ainda não tinha tido tempo de assimilar a vitória, mas fez questão de elogiar a tripulação e toda a equipa em terra.
“Estou feliz por poder partilhar a vitória primeiro com a tripulação”, disse. “Tivemos duas horas desde a linha de chegada para celebrar juntos no barco. Agora celebramos com a equipa de terra. Isso é muito importante, porque esta vitória tem duas partes: a organização em terra foi incrível, a preparação do barco foi impecável, não tivemos qualquer avaria em mais de um mês e meio – isso faz toda a diferença para conseguir tirar o máximo de rendimento do barco.”
Meilhat acrescentou que o núcleo da equipa Biotherm foi formado durante a volta ao mundo de The Ocean Race em 2022-23. “Ganhámos muito conhecimento e experiência, porque essa edição não foi fácil para nós – tivemos muitos problemas, mas aprendemos e agora temos uma equipa muito competente.”
Questionado sobre a chave para a vitória, Meilhat sublinhou a importância que a equipa deu a The Ocean Race Europe. “Esta regata foi um objetivo muito importante há pelo menos um ano – portanto, mesmo antes do arranque da Vendée Globe já estávamos a preparar-nos para esta prova. Este ano, The Ocean Race Europe foi o nosso único objetivo.”
O skipper francês disse ainda que a vitória europeia foi resultado de uma combinação de fatores “É a soma de vários elementos: a equipa de terra, o trabalho técnico no barco”, explicou. “Mostra que o Biotherm está mais otimizado para este tipo de regata, é muito rápido em transições – vento fraco e mar plano. Fizemos muitas melhorias no barco neste inverno. Também a tripulação, a motivação – estávamos todos focados e determinados em ganhar, desde Kiel.”
A co-skipper Amélie Grassi disse que a equipa apreciou muito esta última etapa, embora a vitória nem sempre parecesse garantida “Nem acredito que ganhámos esta última”, disse. “É uma grande conquista e estou muito orgulhosa de toda a equipa. Queríamos vencer a regata, mas o plano não era ganhar tantas etapas. Estou muito feliz pela equipa e orgulhosa também da equipa de terra.”
Com o navegador Sam Goodchild (GBR) ausente na última etapa, Grassi assumiu o papel de navegação “Foi uma grande responsabilidade, mas trabalhei de perto com o Paul e correu bem. Também já tinha trabalhado com o Sam, por isso tive um bom exemplo para seguir. Penso que fizemos boas escolhas ao longo de todas as etapas – sem assumir demasiados riscos, mas o suficiente para nos manter à frente.”
O segundo barco a chegar à Baía de Boka foi o Team Holcim – PRB, comandado pela suíça Rosalin Kuiper, que cruzou a linha às 23:32:13 após uma recuperação espetacular, ganhando mais de 100 milhas em 24 horas na passagem ao sul da Sicília para voltar a lutar pela liderança.
“Estamos muito felizes por terminar em segundo”, disse Kuiper. “Foi uma enorme recuperação: estávamos 150 milhas atrás e conseguimos recuperar. Apanhámos a frota numa zona de transição de vento fraco, foi um novo recomeço do jogo. Estamos muito contentes com este resultado.”
O Team Malizia (GER), de Boris Herrmann, chegou em terceiro às 01:26:09, após uma luta intensa nas últimas 48 horas.
“Foi uma etapa muito dura, cheia de altos e baixos”, disse o navegador Will Harris (GBR). “Podemos orgulhar-nos deste pódio, ainda por cima em condições que não são as nossas preferidas – muito vento fraco durante boa parte da etapa.”
Em quarto lugar chegou às 03:25:37 o Allagrande Mapei, de Ambrogio Beccaria, que liderou a frota em vários momentos, especialmente nas secções de vento forte em popa, mas acabou por ser penalizado por uma rota que o deixou em vento fraco perto da costa italiana nas últimas 48 horas.
O Paprec Arkéa chegou em quinto às 04:06:45, mantendo por apenas meio ponto o 2.º lugar na classificação geral, agora muito pressionado pelo Team Holcim – PRB. A regata costeira de sábado decidirá a ordem final do pódio.
As equipas Canada Ocean Racing – Be Water Positive e Team Amaala continuam a caminho de Boka Bay, lutando pelo sexto lugar, com chegada prevista para terça-feira.
