ExoMars a caminho de esclarecer os mistérios do Planeta Vermelho

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Descolagem da ExoMars / Copyright ESA–Stephane Corvaja, 2016

Descolagem da ExoMars / Copyright ESA–Stephane Corvaja, 2016

A primeira de duas missões conjuntas da ESA-Roscosmos, rumo a Marte, iniciou a sua viagem de sete meses rumo ao Planeta Vermelho, onde irá tentar desvendar mistérios relacionados com a atmosfera do planeta que poderão indicar atividade geológica ou até biológica, no momento atual.
Às 09:31 GMT (10:31 CET) o instrumento Trace Gas Orbiter e o demonstrador de entrada, descida e aterragem Schiaparelli descolaram num foguete Proton-M, operado pela agência russa Roscosmos, partindo de Baikonur, Cazaquistão.

Depois da separação do primeiro e segundo andares do Proton, foi libertado o revestimento da carga. O terceiro andar separou-se dez minutos após a descolagem.
O andar superior Breeze-M, com a ExoMars agarrada, completou então uma série de quatro queimas antes de a nave ser libertada às 20:13 GMT (21:13 CET).
Os sinais da nave, recebidos no centro de controlo da ESA, em Darmstadt, Alemanha, através da estação terrestre de Malindi, em África, às 21:29 GMT (22:29 CET), confirmaram que o lançamento foi um sucesso completo e que a nave está de boa saúde.
Também já se desenrolaram os painéis solares e a nave está a caminho de Marte.
Foi uma longa viagem até conseguirmos levar a primeira missão ExoMars ao local de lançamento, mas graças ao trabalho árduo e à dedicação das nossas equipas internacionais, está agora ao nosso alcance uma nova era na exploração de Marte,” diz o Diretor Geral da ESA Johann-Dietrich Woerner.
Estou grato pelo nosso parceiro russo, que deu a esta missão o melhor início possível. Agora vamos explorar Marte em conjunto.”
Igor Komarov, Diretor Geral da Corporação Estatal do Espaço, Roscosmos: “Só um processo de colaboração produz as melhores soluções técnicas, para grandes resultados de investigação. A Roscosmos e a ESA estão confiantes quanto ao sucesso da missão.
Não estamos ansiosos apenas pelos dados científicos de grande qualidade que iremos receber com esta missão, mas será também importante na preparação da segunda missão ExoMars, que irá dar o salto da exploração em órbita para a exploração à superfície e na sub-superfície de Marte,” disse Alvaro Giménez, Diretor de Ciência da ESA.

ExoMars 2016 sequência da descida. Copyright ESA/ATG medialab

ExoMars 2016 sequência da descida. Copyright ESA/ATG medialab

O Trace Gas Orbiter (TGO) e o Schiaparelli irão viajar juntos até Marte antes de se separarem a 16 de outubro, a uma distância da Terra de 900 mil quilómetros.
Então, a 19 de outubro, o Schiaparelli irá entrar na atmosfera marciana, descendo à superfície em menos de seis minutos.
O Schiaparelli irá demonstrar tecnologia essencial de entrada, descida e aterragem para missões futuras, e irá fazer uma série de estudos ambientais durante a sua curta missão à superfície.
Por exemplo, irá obter as primeiras medições de campos elétricos na superfície de Marte que combinadas com medições da poeira atmosférica irão fornecer novas pistas sobre o papel da componente elétrica no levantamento da poeira –o início das tempestades de poeira.

Vestígios de gás na órbita de Marte. Copyright ESA/ATG medialab

Vestígios de gás na órbita de Marte. Copyright ESA/ATG medialab

Entretanto, no mesmo dia, o TGO irá entrar numa órbita elíptica de quatro dias à volta de Marte, que o levará de uma distância de 400 km no ponto mais próximo para cerca de 96 mil km no ponto mais afastado do planeta.
Depois de um ano de complexas manobras de aerobraking, manobras durante as quais a nave irá usar a atmosfera do planeta para baixar a sua órbita lentamente para uma circular a 400 km, numa missão científica de análise dos gases raros da atmosfera.
É de particular interesse o metano, que, na Terra, aponta para processos biológicos ou geológicos ativos.
Um dos principais objetivos da missão é fazer um follow up da deteção de metano feita pela missão da ESA Mars Expressa, de 2004, para compreender os processos envolvidos na sua formação e destruição, com uma precisão três ordens de magnitude superior relativamente às medições anteriores.
O TGO também irá fazer imagens de partes da superfície marciana que podem estar relacionadas com fontes de gás como os vulcões. Além disso, será ainda capaz de detetar depósitos de água gelada enterrados, que, combinado com a informação acerca das fontes de gases, poderá influenciar a escolha de locais de aterragem de futuras missões.
O orbitador também irá funcionar como um retransmissor de dados para a segunda missão ExoMars, que inclui um rover e uma plataforma científica estacionária, com lançamento marcado para maio de 2018, chegando no início de 2019. Fonte: ESA

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