Grupo Siroco : Apostar na qualidade é prioritário

0

Texto e foto: Vasco de Melo Gonçalves

O Grupo Siroco desenvolve a sua actividade empresarial em três áreas distintas da náutica de recreio. Face a estas características específicas está numa posição privilegiada para efectuar uma análise à actual conjuntura.
Conversámos com Salete Novaes, uma responsável do Grupo, que nos fez um balanço da época passada e nos traçou uma visão de estratégia futura.

Náutica Pres (NP) – Em primeiro lugar gostaria que fizesse um balanço da época que acaba de terminar.

Salete Novaes (SN) – O ano de 2008 já tinha sido pouco brilhante para o sector da náutica nacional com sinais profundos de abrandamento. As empresas entraram em 2009 com maiores expectativas e com cautelas redobradas e, esta minha percepção advém da nossa actividade na área da distribuição. Senti que as empresas com que trabalhamos estavam a “apalpar terreno” e a tentar perceber qual a verdadeira dimensão da crise.
O Grupo entrou em 2009 com muito realismo e com os pés bem assentes na terra. Os cuidados com a gestão foram superiores, implementámos contenção de custos e, seguimos o evoluir da crise com grande atenção. Contudo, não abandonámos a nossa forma de encarar o negócio apostando na presença de eventos relevantes bem como na comunicação.
Em Fevereiro participámos no Boat Show de Lisboa que ficou um pouco aquém das nossas expectativas mas que de facto, já deu um pouco da imagem de como seria a época e de como estava a evoluir o sector. Foi um ano de cautela mas também de estudo e preparação para o futuro…Senti como o mercado poderia reagir, quais os caminhos a seguir e quais as decisões mais acertadas a tomar.

“…Foi um ano de cautela mas também de estudo e preparação para o futuro…”

NP – Pode analisar o ano empresa a empresa?

SN – Começando pela Plastimo e tendo em conta que é uma empresa vocacionada para a revenda, foi nesta que mais nos ressentimos. Se a venda de barcos baixa isso reflecte-se imediatamente no fornecimento de equipamento e electrónica. Esta quebra de vendas traduziu-se em cerca de 20 a 22% mas, mesmo assim, não foi mau de todo tendo em conta as quebras verificadas em outros sectores da náutica de recreio. Foi, sem dúvida, um ano difícil mas que teve um lado positivo pois obrigou-nos a fazer reestruturações e a organizar melhor o negócio.
Na Siroco o nosso trabalho é desenvolvido em grande medida com estrangeiros. Estamos com um nível de negócios inferior em relação a 2008 mas, conseguimos manter uma posição como empresa de referência nesta área de negócio do comércio de barcos usados. Notei que os clientes procuram oportunidades de negócio, as negociações são mais complexas quer ao nível dos valores como das opções. Neste segmento a quebra de facturação situou-se entre os 15 e os 20%.
Na empresa Seaway, que comercializa os catamarãs Lagoon, tivemos um cenário completamente diferente. Até meio do mês de Outubro vendemos 6 barcos e, com a perspectiva de vender ainda um 50 pés até ao final do ano. Foi um ano com uma performance brilhante.

NP – A que se deve este sucesso? Novidade no mercado?

SN – Nós estamos no terceiro ano de actividade e o conceito está implantado. A empresa tem obtido a confiança dos clientes devido à credibilidade das pessoas envolvidas na direcção da mesma. Temos um produto de grande qualidade e prestamos um bom serviço de pós-venda. Neste momento, já estamos a assistir a uma evolução com três dos nossos clientes a comprarem segundos barcos com maiores dimensões. É sinal que estão satisfeitos o que aumenta as nossas expectativas em relação ao futuro.

“…Nós estamos no terceiro ano de actividade e o conceito de catamarã está implantado…”

NP – Para finalizar este capítulo, como se vende um catamarã em Portugal?

SN – Tem tudo a ver com um trabalho efectuado no passado e com a credibilidade das pessoas que “comandam” a Seaway. É certo que temos clientes antigos que nos acompanham mas também clientes novos que são proprietários de barcos a motor. Hoje em dia, o passa palavra é já uma realidade com algum peso…

“…Nós precisamos de ter um evento que nos represente, que seja forte, que dê prestígio e que dê a conhecer a realidade náutica nacional…”

NP – Mudemos um pouco o rumo à nossa conversa. A existência de um salão náutico nacional é relevante para o Grupo Siroco?

SN – Antes de responder à sua questão é bom lembrar que estive envolvida com a organização da Nauticampo quando encabecei uma comissão de agentes económicos do sector, saída da última edição de 2009. Desenvolvemos um trabalho digno no sentido de fortalecer o sector. Conseguimos obter alguns resultados mas, a organização da FIL também tinha de mudar conceitos. Penso que o Lisboa Boat Show vai ter uma duração de 5 dias e com preços mais atractivos para quem se inscrever até ao final do ano.
Nós precisamos de ter um evento que nos represente, que seja forte, que dê prestígio e que dê a conhecer a realidade náutica nacional.
O Grupo Siroco tem responsabilidades perante as suas representadas e temos que desenvolver trabalho no sentido de divulgar as nossas marcas.
Caso se confirme o Lisboa Boat Show, a empresa Plastimo estará presente de uma forma digna. Temos muitas novidades ao nível de equipamentos das marcas do Grupo Navimo, da qual a Plastimo faz parte.
Para a empresa Siroco é também importante estar presente dadas as características do seu negócio, a comercialização de barcos usados. Temos a necessidade de captar novos clientes…
Já no que diz respeito à Seaway não sinto a mesma necessidade. As nossas anteriores participações tiveram grande impacto visual projectando a marca. O prestígio e a diferenciação ficaram bem marcados.
Hoje em dia sinto a necessidade de mostrar barcos na água e promover novas sensações aos potenciais clientes. Se o Lisboa Boat Show tiver a componente exposição na água, estudaremos a possibilidade de estarmos presentes. Caso contrário, iremos manter a nossa exposição a nado na Doca do Espanhol em Alcântara.

NP – Para finalizar gostaria de saber quais são as perspectivas para 2010 do Grupo Siroco?

SN – A Plastimo está a moldar-se à nova realidade económica adaptando-se à dimensão do mercado. Sei que temos concorrência mas estamos cientes que o mercado diminuiu. Vamos manter uma visão empreendedora do negócio modificando alguns procedimentos para melhor servir a nossa rede (deveremos reduzir e diferenciar agentes). Um grande enfoque na satisfação do cliente.
Na Seaway vamos afinar, ainda mais, o nosso atendimento pois estamos perante um cliente exigente habituado a lidar com grandes empresas e a efectuar negócios. Esta situação é, para nós, muito estimulante e obriga-nos a trilhar caminhos que nos levam à excelência no serviço prestado. A experiência adquirida nesta área é transmitida às restantes empresas do Grupo.
O encontro de proprietários que efectuámos em Tróia, é já uma pequena imagem do que pretendemos fazer no futuro. Foi um meeting muito interessante e que veio para ficar…Neste momento estamos a pensar qual a periodicidade e em que moldes iremos desenvolver estes encontros no futuro.
No que diz respeito à Siroco e à sua actividade de vendas de usados assistimos a um aumento da concorrência desleal. Nas docas qualquer um é um potencial vendedor de barcos mas, sem qualquer estrutura de apoio, fora da legalidade e sem estratégia. Mais uma vez a aposta na imagem, a qualidade do serviço (venda e pós-venda), a personalização do atendimento e a especialização irão fazer a diferença.

Partilhe

Acerca do Autor

A redacção da Náutica Press prepara artigos e notícias do seu interesse, mantendo-o ao corrente do que se passa no universo da náutica de recreio e da náutica em geral, em Portugal e no Mundo.

Deixe Resposta