Grupo Siroco – Gestão controlada e diversificação

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Salete Novaes

José Augusto

O Grupo Siroco dedica-se à comercialização de embarcações novas e usadas, venda de acessórios e cria programas de aluguer de barcos.

Texto e fotografia: Vasco de Melo Gonçalves

O ano de 2012 tem sido difícil para a grande maioria das empresas nacionais do setor da Náutica de Recreio. O Grupo Siroco não está imune à crise mas a estratégias seguida por José Augusto e Salete Novaes permitiu aligeirar o impacto de tão devastadora tormenta.
No seu escritório na Doca do Espanhol conversámos sobre a evolução do mercado e tentámos “desvendar” um pouco o que será o mercado num futuro próximo.
Num balanço de 2012, os resultados foram mais positivos do que se podia prever, segundo Salete Novaes “… dentro do quadro geral e como abordarmos várias vertentes de negócio na Náutica conseguimos ultrapassar o ano com dificuldades que se refletiram em menos vendas mas não perdemos o rumo e mantivemos a mesma forma de estar no mercado. Não deixámos de comunicar ou de fazer o nosso Meeting de proprietários Lagoon. 2012 não foi muito diferente de 2011 mas, o que se tem notado é que de há três anos para cá o negócio tem decrescido”.

A Navimo morreu, viva a Plastimo
Numa análise mais pormenorizada de cada área de negócio José Augusto falou da ligação do Grupo à marca de acessórios Plastimo. “…No que diz respeito aos acessórios, nós há 19 anos que estamos ligados ao grupo francês Plastimo que mais recentemente e após compra de diversas marcas passou-se a designar de Navimo. A Navimo ressentiu-se da forte quebra internacional e entrou em colapso financeiro e não teve condições de prosseguir com a sua atividade empresarial. Há cerca de 5 meses entrou num processo de insolvência!
Nós fomos informados da situação e claro está que essa situação preocupou-nos mas, como somos apenas distribuidores não era o fim do mundo! Começámos à procura de marcas alternativas só que, entretanto, houve diversas empresas que se interessaram pela marca Plastimo e a Alliance Marine acabou por a comprar.
Entrámos imediatamente em contacto com os novos proprietários e recebemos uma resposta muito positiva onde a Alliance Marine mostrava alguma preocupação sobre a possibilidade do Grupo Siroco eventualmente deixar de trabalhar com a Plastimo. Tudo correu bem e na próxima edição do METS vamos formalizar a nossa posição em relação à marca Plastimo mas, entretanto, já se iniciaram os fornecimentos de equipamentos.
As outras marcas da Navimo estão completamente paradas mas, quando começarem novamente a laborar a probabilidade de continuarmos a representá-las é grande.
Independentemente desta situação, 2012 foi um ano complicado no segmento dos acessórios. Foi o setor que mais sofreu dentro do Grupo mas, mesmo assim, mantivemos a posição de liderança de mercado”.

Usados de boa saúde
José Augusto está satisfeito com a prestação da empresa no que diz respeito à comercialização de barcos usados. “… No que diz respeito ao número de unidades vendidas estamos ao nível de 2011 e isto é muito bom! A maioria dos barcos que vendemos foi para fora de Portugal para países como Inglaterra, Alemanha e Suécia. Pela primeira vez vendemos para Israel e Ilha de Reunião.
Os barcos que vendemos são de portugueses comercializados em plataformas internacionais. Em 2012 vendemos 21 barcos para o estrangeiro e 8 para Portugal. São números interessantes se tivermos em conta que em anos “normais” vendemos entre 30 a 35 barcos! O preço de venda baixou e esta situação tornou os barcos mais atrativos para o cliente estrangeiro. Aliado ao fator preço temos um bom serviço que também influencia a compra”.

Lagoon cada vez mais forte
Ao nível da comercialização de modelos novos a Lagoon continua a ser a referência dentro da SeaWay. Para José Augusto “… a SeaWay continua a navegar, por agora, em dois cascos. 2012 foi um bom ano com três barcos vendidos – Lagoon 400, 450 e 500.
Vamos ter o lançamento de um novo modelo com 52 pés e, neste momento, temos dois fortes candidatos à compra desta nova unidade da Lagoon. Já fizemos a reserva ao estaleiro!
A Lagoon está definitivamente na frente no segmento das embarcações catamarãs à vela. O novo 52 é um reflexo disso mesmo e vai mudar os padrões devido às soluções e inovação que incorpora. A fábrica prevê vender neste primeiro ano entre 22 e 25 unidades que têm como preço base os 650 000,00 Euros!
Ao nível da assistência mantemos a mesma eficácia e somos recomendados pelo estaleiro como referência de apoio internacional.
Este bom relacionamento com o estaleiro reflete-se no dia à dia mas posso já avançar que no Meeting Lagoon de 2013 vamos contar com a presença de responsáveis do estaleiro”.

Decoração e charter com tendência para crescer
A decoração de barcos e o charter são atividades que se encontram em fase de crescimento dentro do Grupo Siroco. Para Salete Novaes, “… a linha de decoração personalizada não foi muito positiva em 2012 mas, contudo fizemos alguns trabalhos interessantes. Estamos ainda a dar os primeiros passos…
Já no aluguer temos 3 anos de histórico e assistimos a um aumento de interesse, por parte de proprietários de barcos, de os colocar à nossa disposição para desenvolvermos um trablho em exclusividade.
Quanto ao negócio tivemos uma quebra de cerca de 30% mas, mesmo assim é interessante e implementámos programas diversificados. Já estamos a trabalhar em novos programas para 2013 e vamos manter as nossas bases em Lisboa, Tróia e Algarve”.

Que futuro!
Quisemos saber qual a visão que o Grupo Siroco tem do futuro da Náutica. Segundo José Augusto, “…a nível internacional a Náutica sofre em determinados países mas está bem noutros. Os países como a China, Rússia e Brasil são os destinos para algumas das marcas mais relevantes. O Grupo Bénéteau conseguiu posicionar-se de uma forma correta e está a conseguir ultrapassar este momento mais difícil.
Na Europa a queda de vendas é substancial nomeadamente em Itália e Espanha. Apenas Inglaterra, a Alemanha e países nórdicos mantêm as vendas.
Penso que vamos sair desta situação mas teremos que passar mais 2 anos de alguns conflitos”.
Salete Novaes acrescenta, “…Em Portugal notamos uma falta de dinheiro aliada a uma falta de interesse por barcos ou ainda ao receio de mostrar que se tem dinheiro para comprar barco. Os governantes deveriam encarar o Mar como um desafio e não como uma moda. Deveria ser revista a legislação para acabar com normas absurdas… Talvez assim aumentasse a motivação de potenciais compradores.
Temos condições ideais para voltar a usufruir do Mar!”

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