No Padrão dos Descobrimentos. Debate Arqueologia e arquitectura naval portuguesa

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“Arqueologia dos navios portugueses da expansão e as fontes eruditas da arquitectura naval portuguesa” é o tema da conferência inserida no ciclo “Memórias do Mar – Aventuras Transoceânicas”, que decorre dia 11 de Novembro, às 10h30, no Padrão dos Descobrimentos. A sessão conta com a participação da arqueóloga Vanessa Loureiro.Nas últimas duas décadas foram descobertos, um pouco por todo o mundo, destroços de navios de possível origem ibérica (integráveis na denominada tradição de construção naval Ibero-Atlântica). Arqueólogos e historiadores de diversas nacionalidades têm-se preocupado, desde então, em compreender, não apenas o processo de concepção e o sistema de construção das embarcações ibéricas contemporâneas da Expansão portuguesa e espanhola, mas também a origem desta tradição.
A construção naval Ibero-Atlântica parece surgir como uma plataforma integradora da construção do Norte da Europa e do Mediterrâneo. A arquitectura naval quinhentista e seiscentista recebeu por sua vez, contributos vários da parte de autores nacionais como o clérigo Fernando de Oliveira, do cosmógrafo-mor do reino João Baptista Lavanha e do oficial da Ribeira das Naus, Manuel Fernandes. As respectivas obras que se detêm sobre diversos aspectos da construção naval; Livro da Fabrica das Naus, Livro Primeiro de Architectura Naval e Livro de Traças de Carpintaria, são consideradas como as mais emblemáticas a nível mundial e constituem actualmente as bases clássicas do conhecimento das tão citadas caravelas, naus e galeões de Portugal.
Muitos dos pormenores construtivos descritos nas obras citadas têm sido confirmados por fontes arqueológicas, como os navios do Corpo Santo, Ria de Aveiro A, S. Julião da Barra, ou Cais do Sodré. Até que ponto estas fontes eruditas constituem retratos fidedignos da arquitectura naval portuguesa antiga, devendo ser analisadas isoladamente, ou pelo contrário em articulação com documentação técnica contemporânea, são algumas das questões a abordar durante a conferência.
Vanessa Loureiro colabora com a Divisão de Arqueologia Náutica e Subaquática (antigo Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática) há mais de oito anos. É responsável, desde 2004, pela escavação e estudo do navio seiscentista Arade 1 (Portimão) e assumiu, mais recentemente, em parceira com João Gachet Alves, a coordenação dos projectos comunitários VENUS (Virtual Exploration of Underwater Sites) e MACHU (Management of Underwater Cultural Heritage).
O Padrão dos Descobrimentos apresenta, ainda, um ciclo destinado a grupos escolares do ensino secundário, subordinado ao tema “Um Mergulho na História – Enigmas e Descobertas da Arqueologia Subaquática”, numa acção integrada no Serviço Educativo, todas as segundas-feiras até final de Novembro, às 10h30.
A conferência “Uma História de Naufrágio em Portugal: o naufrágio do San Pedro de Alcantara em 1786 – índios peruanos na costa de Peniche”, por Maria Luísa Pinheiro Blot, decorre dia 12 de Novembro, às 10h30. No mesmo dia, às 11h30, a arqueóloga apresenta a conferência “Memórias do Mar …debaixo das cidades”.

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