Portugal é o “diamante em bruto” da Europa

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Na ronda que estamos a fazer pelos principais agentes económicos a operar em Portugal no sentido de saberemos o que pensam sobre a Náutica e o seu futuro pedimos a opinião a
Jos Gielen, EMCI Registered Yacht Broker e representante da Sea Independent Yacht em Portugal.

“Perspetiva para a indústria dos iates para os próximos anos, em particular para Portugal
Tal como todos os setores, a indústria da náutica de recreio tem sido fortemente atingida pela crise económica global. Há um consenso popular de que a crise está para ficar por alguns anos. Ainda por cima, há um movimento global de riqueza do mundo ocidental para os mercados emergentes. No futuro próximo, quando voltarmos a um cenário de crescimento, espera-se uma subida do preço do combustível. Com estas observações em mente, podemos esperar o seguinte:
– O preço dos iates irá estabilizar a um nível muito abaixo do anterior. Para os fabricantes, isto implica cortar custos. Para os proprietários, isto implica uma perda na venda dos seus iates. Para os compradores, isto proporciona grandes oportunidades.

– Assim que o mercado estabilizar e os proprietários e compradores começarem a chegar a acordo nos preços, iremos ver muitas “procuras adiadas”.

– A nova procura virá do Extremo Oriente, (principalmente da China e Coreia do Sul), Índia, Rússia e Brasil. Isto irá proporcionar um impulso aos fabricantes na Europa, especialmente no setor de luxo.

– Com os preços do combustível a subir, ser proprietário de um barco à vela tornar-se-á cada vez mais atrativo. Os novos modelos serão mais confortáveis que os antigos para acomodar o gosto e os desejos dos antigos proprietários de iates a motor. No setor dos superiates (mais de 24 m) isto já aconteceu e vamos agora começar a ver o mesmo com os iates mais pequenos.
As séries Bénéteau Sense e Moody DS são exemplos disso mesmo. Espero também um mercado mais amplo nos catamarãs.

A perspetiva para Portugal é de que, após ter sido atingido muito duramente pela crise, as oportunidades aparecem. Portugal é o “diamante em bruto” da Europa no que diz respeito ao turismo em geral, mas também no que toca à indústria da náutica de recreio. As possibilidades da sua costa longa e bonita são intermináveis, e o país tem uma tradição marítima longa e grandiosa.

De modo a tirar partido destas oportunidades, algumas coisas têm de acontecer.
O que se exige é uma organização forte que represente o setor marítimo nos mercados emergentes e no setor governamental. Colaboração e sinergia são as palavras-chave.
O governo deve cortar a regulamentação e ver o potencial de uma vibrante indústria dos iates, e os muitos empregos de alta qualidade que ela irá criar.

É o meu desejo, e também a minha convicção forte de que estes desenvolvimentos irão ter lugar nos próximos anos”.

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A redacção da Náutica Press prepara artigos e notícias do seu interesse, mantendo-o ao corrente do que se passa no universo da náutica de recreio e da náutica em geral, em Portugal e no Mundo.

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