Quando nem tudo o que vem à rede é peixe

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Especialistas rumam ao porto de Peniche para falar sobre como evitar que fiquem aves presas nas artes de pesca

Nesta semana em que se comemora o Dia Nacional do Mar (16 de novembro), especialistas da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) vão estar em Peniche, a conversar com os pescadores sobre como evitar que fiquem aves presas nas artes de pesca. Nos dias 14 e 15 de novembro, os técnicos da SPEA estarão no porto de pesca, onde vão mostrar dispositivos desenvolvidos para afastar as aves e apresentar os novos quiosques interativos instalados na sede das duas Associações de pescadores. Esta ação decorre no âmbito do projeto MedAves Pesca, coordenado pela SPEA, e que conta com a parceria da ADEPE – Associação para o Desenvolvimento de Peniche e com o financiamento do Programa Operacional MAR2020.
A captura acidental em artes de pesca é uma das três maiores ameaças às aves marinhas, causando a morte de milhares de aves todos os anos. As aves são atraídas pelo peixe preso nas redes de emalhar, ou pelo isco usado no palangre. Quando tentam aproveitar esta tentação, aves como os alcatrazes ficam presas e acabam por morrer afogadas. Para evitar esta situação, a SPEA tem estado a testar diferentes dispositivos, em colaboração com vários mestres de pesca de Peniche.
Para evitar que fiquem aves presas no palangre, a SPEA tem usado uma espécie de papagaio de papel, todo preto, que se prende nas boias de sinalização. As aves veem uma silhueta que parece uma ave de rapina a voar, e então mantêm-se afastadas.
O papagaio afugentador parece funcionar bem, e os mestres gostam muito dele: não é caro, não dá muito trabalho, e impede que os anzóis apanhem aves em vez de robalo” diz Ana Almeida da SPEA.
Nas redes de emalhar, a equipa está agora a começar a testar umas luzes que foram especialmente desenvolvidas para o projeto. As luzes são colocadas na rede, e acendem em contacto com a água, tornando a rede visível para as aves, que assim poderão evitá-la.
Durante dois dias, os técnicos da SPEA vão conversar com os pescadores sobre estas e outras medidas que lhes permitam evitar apanhar aves. A equipa vai também apresentar os novos quiosques interativos disponíveis nas instalações da Cooperativa dos Armadores de Pesca Artesanal (CAPA) e da Cooperativa da Pesca geral do centro (OPCENTRO).
Estes quiosques permitem aos pescadores explorar ações simples que podem adotar na sua faina diária não só para evitar apanhar aves mas também para serem mais amigos do ambiente e do mar que lhes dá sustento.

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