Yamaha Motor de Portugal – Fidelizar o cliente, a alma do negócio?

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A Yamaha Motor Portugal é uma empresa forte que desenvolve a sua actividade económica em diferentes áreas. Na componente marítima, os motores fora de borda são o seu expoente máximo.

Texto e foto: Vasco de Melo Gonçalves

A conversa que tivemos foi desenvolvida com Pedro Nunes a face da empresa para os assuntos marítimos.

Náutica Press (NP) – Que balanço faz da actividade da Yamaha Motor Portugal em 2009?
Yamaha (Y) – A empresa no seu todo cresceu nos seus resultados e volume de vendas. No sector marítimo a quebra é significativa pois estamos a vender metade das motos de águas e menos 25 a 30% de motores fora de borda.

NP – Façamos uma análise segmento a segmento.
Y – Já temos dados estatísticos da ICOMIA referentes até ao mês de Outubro de 2009 e o mercado nacional de motores fora de borda teve um decréscimo de 34,16%, o que é muito significativo. O número mais ou menos estável da última década, aproximadamente 3 000 motores ano, decresceu nos últimos 12 meses para 1 800 unidades.
A Yamaha também desceu mas numa percentagem inferior à dos nossos concorrentes sendo que a nossa quota de mercado é de cerca de 40%. Esta situação dá-nos a liderança do sector e representa um crescimento de 6,96% em relação ao ano passado. Num ano de crise a Yamaha desceu mas numa proporção inferior à do mercado. Não havendo elementos estatísticos para saber em que segmentos se verificaram as quebras, é nossa percepção que a utilização profissional desceu mas, tendo em conta que os motores são utilizados para trabalho o valor é inferior. Quando me refiro a uma utilização profissional não me estou a cingir apenas à pesca profissional mas também à Marítima Turística, empresas de transporte, etc. No recreio a quebra é brutal!!!
Contudo é interessante verificar que no segmento onde foram apresentadas novidades existe um crescimento. Por exemplo no segmentos dos 20 aos 25 Cv, onde a Yamaha lançou o novo 25 Cv e apesar de esta unidade ter chegado ao mercado apenas no mês de Junho, nós conseguimos um grande aumento de quota de mercado. Nos segmentos dos 30 aos 40 Cv o nosso crescimento foi de cerca de 80% devido aos novos modelos apresentados com 30 e 40 Cv, respectivamente.
Numa análise global, onde a Yamaha tem mais dificuldades nos motores fora de borda é nas unidades mais pequenas onde o factor preço tem um grande peso. Como é sabido a Yamaha estabelece um preço que considera razoável para a qualidade de motor que disponibiliza e, no segmento dos 2,5 aos 15 Cv não somos muito competitivos. O utilizador destes motores ao não fazer muitas milhas não valoriza a segurança e a tecnologia apenas considera o factor preço.

NP – Falemos agora um pouco sobre as motos de água.
Y – O mercado português de motos de água desceu mais de 50%!!! Para termos uma ideia, no início de 2000 vendiam-se em Portugal cerca de 900 unidades ano. De há uns 3 a 4 anos para cá o mercado estabilizou nas 350 unidades mas, em 2009, o mercado não vai consumir mais de 140 motos… A Yamaha também desceu e pensamos vender cerca de 70 unidades o que nos dá 50% da quota de mercado (valor este que se tem mantido ao longo dos últimos anos).
Apesar das quebras de vendas a indústria tem levado a cabo profundas alterações nestas embarcações. Hoje em dia as motos são praticamente todas equipadas com motores a 4 tempos e com grande segurança. A comprovar isto é a utilização feita pelo o Instituto de Socorros a Náufragos e Polícia Marítima destes veículos.
Outro aspecto interessante tem a ver com o aumento da consciência e de organização por parte dos utilizadores de motos de água. Estes associam-se de uma forma informal e através da Internet organizam passeios e saídas de praia. Noto também uma maior fidelização ao produto e que o proprietário dá mais utilização à sua moto tornando a actividade menos sazonal.

NP – Quando se referia a quebra de vendas, estamos a falar de um cenário mundial ou apenas local?
Y – O mercado europeu desceu 35%, bem menos que em Portugal! Existem outros países que tiveram uma quebra semelhante à nossa mas também houve crescimento nomeadamente na Alemanha e em Israel.
Penso que as quebras que observamos deverão ser imputadas à crise económica e não a uma falta de interesse pelo produto moto de água.

NP – Qual a situação nos motores interiores?
Y – Temos os motores interiores diesel com propulsão de linha de veios (pesca profissional) ou com coluna hydra-drive (destinados ao recreio e a semi-rígidos de utilização profissional).
Em termos quantitativos estamos ao mesmo nível de vendas do que em 2008 mas, neste final de ano surgiram uma série de encomendas para utilização profissional que nos perspectivam um ano de 2010 muito interessante.
Em 2009 conseguimos vender algumas unidades para os Açores mas também entrámos no espaço do continente mais concretamente no Algarve, Póvoa do Varzim e Figueira da Foz. O nosso best-seller e que representa 70% das nossas vendas é o modelo de 4 cilindros homologado para a pesca, com 140 Cv de potência e 2700 cc de cilindrada.

NP – Falemos também dos packs.
Y – Os packs têm de ser abordados de duas formas diferentes. Os acordos que temos com fabricantes ou importadores onde a Yamaha fornece o motor e eles depois fazem o próprio pack como são os casos da Jeanneau, Marian Boats, Levant, Dipol, Astec e Searibs. Iniciámos este ano, não com o padrão que nós achamos ideal e exigível em termos de promover e fazermos um marketing partilhado, o fornecimento de motores fora de borda para os Barcos Atlântico.
Os outros tipos de packs são aqueles em que nós temos acordos com as fábricas e, nos quais, elas se comprometem em vender-nos a produção e a Yamaha faz o pack com o motor e vende à sua rede de concessionários. Esta situação acontece com o fabricante Obe & Carmen – marcas Obe Fisher e Sirius – e com o fabricante açoriano Tecnináutica – marca Marlin.
Neste segmento de negócio sentimos um aumento de vendas mas não por igual. O caso da Obe Fisher que lançou um novo modelo 485 (versão normal e Natur) que teve vendas relevantes que o deverá colocar num dos modelos mais vendidos em Portugal.

NP – A questão da existência de um salão náutico em Portugal está na ordem do dia. Qual a posição da Yamaha em relação a este assunto?
Y – Obviamente que faz sentido um salão náutico em Portugal pois existe uma tradição no mercado. Falando em concreto da Nauticampo faz sentido embora a Yamaha partilhe da mesma opinião da FIL em que este modelo de feira chegou ao fim do seu ciclo. Como qualquer produto, as feiras também têm ciclos e o modelo da Nauticampo deixou de ser alimentado passando a ser sempre a mesma coisa e acabou por envelhecer. Nós Yamaha como marca responsável e líder mantivemos a nossa presença em 2009 e, dessa presença não estamos arrependidos e obtivemos resultados apesar da feira estar aquém das expectativas no número de expositores. O número de visitantes foi muito idêntico ao do ano de 2008 e nós aproveitámos a situação da melhor maneira. Em 2009, no seguimento da Nauticampo, formou-se uma comissão que fez um bom trabalho e que juntou um número significativo de agentes económicos e demonstrou à FIL que o modelo de feira estava esgotado. O modelo estar esgotado, a FIL reconheceu logo de início mas o que demorou mais a reconhecer foi que as condições deveriam ser mais apelativas para as empresas voltarem a investir nessa promoção. O pretendido não foi totalmente conseguido mas, de qualquer maneira a feira tem um decréscimo de custo por m² muito significativo em relação a 2009 e bem ajustada à realidade. Houve contudo, um revés pois a FIL só conseguiu praticar aquele preço por m² reduzindo o número de dias deixando a feira de ter dois fins-de-semana e de 9 dias passa para 5 dias. Neste momento estamos confrontados com um custo menor mas com uma redução no número de dias. Esta redução não nos agradou pois, achamos que uma feira nacional onde os visitantes são oriundos do continente e ilhas concentrar tudo num único fim-de-semana é um enorme risco pois pode o potencial cliente não estar disponível…
O custo por contacto poderá ser superior ao da edição de 2009 pois existem outros custos que não reduzem como são os casos da concepção do stand e os transportes das embarcações.
A Yamaha está previamente inscrita e a inscrição formal deverá ocorrer ainda durante o mês de Dezembro. O que dissemos à FIL é que nós queremos estar presentes mas não queremos estar num boat show que não tenha uma qualidade mínima. Não somos apologistas que sozinhos é melhor que acompanhados pois o mercado tem mais parceiros, mais marcam, enfim, tem concorrência. O mercado é bom e salutar com concorrência dai que estamos confiantes de que vai haver um boat show bastante considerável mas vamos aguardar…
Em 2010 teremos duas feiras, a Sport Show (Pavs.3 e 2) e a Lisbon Boat Show (Pavs.1 e 2) e com isto a organização pretende dinamizar uma série de actividades não só no pavilhão 2 mas também no exterior através de regatas, concurso de pesca, passeio de motos de água no rio Tejo, concurso de surf, etc. A FIL pensa juntar 150 000 visitantes e se a feira for conhecida não só pelo o que lá está exposto mas também pela acção que promove é, para nós, interessante. A Yamaha estando presente vai tentar acompanhar esse dinamismo e proporcionar aos nossos clientes e aos potenciais as vantagens de puderem usufruir dos nossos produtos em diversos tipos de utilização.
Nós estamos num momento em que o Mundo está numa crise económica onde o ciclo de decisão do cliente para comprar um produto é mais demorado (a compra por impulso é menor, logo as compras nas feiras são menores). A Yamaha vai demonstrar aos clientes que com o nosso produto podem ter qualidade de vida e experimentar novas sensações.

NP – Perspectivas para o ano de 2010?
Y – A Yamaha para 2010 tem lançamentos de novos modelos que pensamos ser o maior no segmento dos motores fora de borda. Do ponto de vista de produto temos os modelos de 4, 5 e 6 cavalos que já estão no mercado neste final de 2009 mas temos previsto para o final da Primavera de 2010 o lançamento do novo 70 cavalos com 4 cilindros e os novos 300, 250 e 225 V6. São motores com novidades tecnológicas e, no caso do 70, o primeiro neste segmento na Yamaha. Por isso a nível de produto temos um 2010 bem recheado…
Obviamente que o nosso plano quantitativo de vendas é um plano elaborado com os pés bem assentes na terra e não prevemos que possa haver um grande crescimento em 2010. Pensamos que será um ano de pequena retoma mas longe dos números de 2007 e 2008.
Perante este cenário é nossa prioridade acarinhar e fidelizar os nossos clientes e os futuros e, para tal, elaborámos uma série de iniciativas que serão promovidas durante o Lisbon Boat Show e através dos orgãos de comunicação social.
Uma das iniciativas que preparámos é o lançamento do cartão de fidelização para aqueles clientes que façam compras de qualquer produto Yamaha ou efectuem inspecções e reparações. Completando uma série de pressupostos os cliente terão um brinde bastante apreciável.
Temos também campanhas de financiamento, campanhas de serviços ou clínicas para profissionais ou utilizadores de motores desportivos. O Dia Yamaha, à semelhança do que é feito no sector automóvel, também será uma realidade em 2010.
Teremos também o lançamento do Roteiro Náutico Yamaha onde nós vamos possibilitar aos clientes uma publicação impressa, elaborada em parceria com uma empresa especializada em animação turística, onde será fornecida informações de locais onde navegar, colocar uma embarcação na água, locais para dormir e para tomar refeições, etc. O que nós queremos demonstrar aos clientes é que comprar m produto Yamaha pode ser um prazer e que tem sítios em Portugal para navegar em segurança.
Por fim o Yamaha Boat Experience, em colaboração com os nossos parceiros vamos ter eventos por todo o país, onde o cliente pode testar os nossos produtos.

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