Minor 31 Offshore: Minor, só de nome – A tradição renovada

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Copyright © Texto e Fotos: Lobo do Mar.

Definitivamente, o conceito de barco como o Minor 31 Offshore, é um dos que mais me encanta. São várias as razões que me levam a fazer esta afirmação por lado, temos um barco marinheiro preparado para enfrentar qualquer condição climatérica quer de mar como atmosférica (a opção da motorização dupla seria a ideal). O conforto a bordo é de elevada qualidade com uma boa escolha dos tecidos e cores na decoração, com os acabamentos superiores no mobiliário, a funcionalidade e lógica de circulação. O lay-out interior é, também ele, bem conseguido pois num espaço reduzido conseguimos ter duas boas cabinas e um salão.

A grande questão que se levanta com modelos de barcos com estas características prende-se com a utilização que lhe vamos dar. Sabemos de antemão que é um barco marinheiro e bem construído mas, serão estas características suficientes para conquistar os mercados da Europa do Sul? A grande maioria dos proprietários de barcos do Sul gosta do contacto com o sol (a existência de solários é uma obrigação), do acesso fácil à água, de conduzir a embarcação a partir do flybridge e, de barcos com performance. O Minor 31 Offshore não oferece uma resposta cabal a estas “exigências” mas nota-se, contudo, uma preocupação em ir ao encontro dos gostos dos proprietários de barcos de climas mais quentes. O amplo tecto de abrir, o espaço do poço e uma plataforma de popa funcional são alguns dos argumentos.

A grande aposta deste construtor poderá estar no segmento da pesca desportiva de mar e, aqui, apesar de não ser o barco de pesca de raiz o Minor 31 Offshore pode conquistar adeptos e clientes. Um bom espaço de circulação à proa e à popa, uma borda segura, o conforto interior a bordo são características que os pescadores apreciam. Só resta saber se estão receptivos a pagar mais de 170 000 euros pelo barco…


A navegar
Quando experimentei pela primeira vez o Minor 31 Offshore foi numa manhã fria e com algum vento. A manobra de desatracagem é de fácil de se realizar pois, na plataforma de popa trabalha-se com segurança e de uma forma fácil, o mesmo acontece à proa. O barco é fácil de manobrar e, na ausência de um segundo motor temos o motor de proa.
O Minor 31 Offshore estava equipado com um motor Volvo Penta D-6 com 370 Cv e com o qual conseguimos atingir de velocidade máxima os 34 nós, com dois adultos a bordo. O construtor assegura que os 35 nós são possíveis de atingir com esta motorização. Pessoalmente, preferia a motorização dupla que é possível instalar neste modelo e que é composta por 2 x D4-260 ou 2 x D4-300 e, nesta situação, o barco atingiria velocidades máximas de 40 e 43 nós, respectivamente.


Como já referi o frio e o vento obrigaram-nos a uma condução mais “defensiva” nas primeiras horas. O conjunto possui características muito positivas, responde bem a todas as solicitações de mudança de direcção, suporta bem a ondulação lateral e, quando solicitada mais velocidade o motor responde prontamente.
O posto de pilotagem é de grande qualidade quer pelo seu conforto como pelo amplo controlo visual que temos de toda a embarcação. A posição de condução é boa tanto de pé como sentada devido, em certa medida, à possibilidade de regulação do volante. Ao nível da instrumentação, o construtor optou pela criação de um espaço central para a colocação de um painel de instrumento multi-funções para ajuda à navegação e, a envolve-lo os restante manómetros de informação.
A porta lateral junto ao posto de pilotagem é muito útil mas manobras no porto ou marina pois facilita o acesso ao exterior e aumenta a eficácia da manobra.


O conforto a bordo é de elevado nível. A luminosidade do salão é assegurada pelas inúmeras janelas laterais e pelo tecto de abrir.

Interior
Quando olhamos para os barcos finlandeses como os das marcas Minor, Targa ou Nord Star temos a mania de dizer que são todos iguais. Mas, numa análise mais pormenorizada chegamos à conclusão que todos eles são diferentes entre si e, por vezes, com diferenças vincadas.
No caso do Minor 31 Offshore é flagrante esta diferença no conceito empregue na concepção do interior. O acesso ao interior é feito através de duas portas laterais situadas junto ao posto de pilotagem e a outra, junto à cozinha de bombordo.


A cozinha, a bombordo, está dissimulada através de um tampo em madeira. Quando fechado serve para a colocação de pequenos objectos.

No salão temos uma zona de estar situada a um nível superior e composta por um sofá em forma de U e uma mesa amovível. A iluminação natural é assegurada por um conjunto de janelas laterais e, todas elas, com a possibilidade de se abrirem. O tecto é de abrir e numa extensão de cerca de 1,50 m.
Num nível inferior temos a estibordo o posto de pilotagem com um banco duplo de acentos independentes. O espaço por debaixo dos bancos tem um frigorífico e um armário.
A bombordo temos uma pequena cozinha com lavatório, fogão e armário sendo que o espaço está dissimulado com um tampo em madeira.



Aspecto da casa de banho de boa dimensão e com um pé-direito de 1,85 m. A cabina da popa possui muita arrumação devido aos dois armários e ao espaço por debaixo do colchão.

O acesso à cabina de proa (proprietário) é feito através de uma escada com dois degraus e com pega-mão do lado esquerdo. Temos uma antecâmara que dá acesso a uma casa de banho de boas dimensões e, a bombordo, um armário de boas dimensões. A cabina tem um lay-out tradicional com a cama dupla implantada mais a estibordo e com diversos espaços para arrumação.
O acesso à cabina de popa está dissimulado no banco do salão. A bombordo existe uma parte amovível que, depois de aberta na vertical dá acesso à cabina. Esta é bem conseguida e ampla sendo que um adulto, pode permanecer sentado na parte mais alta da cabina. Ao nível da iluminação temos uma vigia lateral e um ponto de luz artificial.

Exterior
O aspecto exterior do Minor 31 Offshore é muito semelhante a de um barco de trabalho. Ampla cabine central com entrada por ambos os lados e o conceito walkaround que permite uma circulação fácil e em segurança por toda a embarcação.
A zona da proa é ampla com um banco implantado sobre a extremidade da cabina e com uma borda, repleta de espaços de arrumo, acompanhando a forma. O acesso ao exterior pode ser feito pela proa sem qualquer dificuldade. O espaço da proa tem espaço suficiente para poder ser utilizado por dois a três pescadores.



O banco situado junto à cabina é aprazível pois, está protegido tanto do sol como da chuva. A plataforma de popa possui uma dimensão razoável e é segura para trabalhar.

As passagens laterais são boas e seguras com diversos pontos de apoio e um varandim envolvente.
A zona da popa também é ampla com um banco mesmo junto à parte posterior da cabina (situação comum em todos os modelos da marca) e no convés do poço temos o acesso ao motor. Todo este espaço possui uma borda alta que proporciona segurança mas, permite também, uma boa utilização para a pesca desportiva. O construtor propõe uns bancos amovíveis implantados nas bordas e, com isto, consegue proporcionar bastante espaço de circulação. Esta situação deixa em aberto o tipo de utilização que damos ao barco se é para a pesca desportiva temos espaço para circular e para colocar acessórios. Se é para o lazer, o espaço pode ser ocupado com mesa e cadeiras.
A plataforma de popa encontra-se num nível inferior e é acedida através de uma pequena porta. No meio da plataforma temos um alçapão em madeira onde está colocada a escada de banhos (penso que terá uma difícil utilização devido à sua dimensão). Na zona do painel de popa estão os suportes para as defensas (mesmo navegando a velocidade, elas permaneceram nos seus lugares).



A circulação a bordo é feita com facilidade e em segurança. O construtor optou pela criação de grandes espaços desimpedidos para aumentar o potencial de utilização.

Navegámos por diversas vezes neste local da embarcação sempre de uma forma confortável e protegida das condições climatéricas.

Ficha barco

Modelo Minor 31 Offshore
Origem Finlândia
Construtor Sarins Båtar
Comprimento 9,70 m
Boca 3,20 m
Calado 0,90 m
Peso 5 000 kg
Motorização Volvo D6-370
Combustível 485L
Preço s/impostos e na fábrica 170 787 €
Comercialização Nautilus Mar

Ficha motor

Modelo D6-370
Fabricante Volvo Penta
Origem Suécia
Cilindros 6
Potência 370 Cv
Cilindrada 5500 cc
Combustível Diesel

Medições

1000 Rpm / 6,5 nós
1500 Rpm / 7,5 nós
2000 Rpm / 10,7 nós
2500 Rpm / 20 nós
3000 Rpm / 26,8 nós
3400 Rpm / 34 nós

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Acerca do Autor

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