Terra Incógnita: Uma escola que passou as fronteiras nacionais

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Copyright © Texto: Lobo do Mar / Diana Mendes

Bernardo Queiroz e André Martins pensaram em criar uma escola de vela ainda com 18 anos e, na faculdade, enquanto tiravam economia e engenharia, maturaram o projecto. André Martins decidiu, mais tarde, seguir a carreira de engenheiro e vender a sua participação na empresa ao sócio, que em seis meses de profissão numa consultora, achou melhor abandonar o fato e a gravata. “Tive apoio de um banco para a compra de embarcações e a ajuda de Francisco Ramada, da Bénéteau, que me ajudou a conseguir um espaço na Vela Latina”, diz. Durante dois anos dava aulas e apoio à loja. Aos poucos, foi reunindo a equipa actual, composta por dez professores e outras seis na equipa de terra.

“Hoje, temos uma escola de vela de massas”, afirma, “com 200 alunos por trimestre, manuais e programas para os quatro níveis: iniciação, aperfeiçoamento, pré-competição e competição. Actualmente, a escola tem uma frota de 17 barcos, sete dos quais em constante movimento. “Chamavam-nos malucos por fazermos dois turnos, o que era invulgar, um das 9.30 horas às 13.30 horas, e outro das 14.30 horas às 18.30 horas. Para pôr o projecto em andamento, é preciso haver coordenadores a acompanhar as aulas em barcos a motor e um cumprimento escrupuloso dos horários. “O coordenador é que organiza o programa diário das aulas, moldável consoante as condições do vento e o tempo.

Mesmo com níveis diferentes, os alunos tiram partido do trabalho em conjunto, aspecto essencial para aqueles que estão em níveis de competição. Da vela à escola de navegação houve um salto natural: “Quando ficámos com a loja, foram criadas as condições para a escola de navegação, credenciada pelo IPPM. Hoje a escola está credenciada para a carta de marinheiro, patrão local e patrão de costa. O número de alunos é variável, mas é alimentado sobretudo “pelos alunos da escola de vela e boca a boca”, esclarece.

A equipa é algo de fundamental para o mentor do projecto, que destaca a disponibilidade e as boas relações que vigoram entre os elementos. A escolha dos professores veio com o conhecimento do sector. “Conheço as mais-valias que têm. Para ser bom professor tem de haver preparação, bom trato e uma maneira de estar própria quando se lida com barcos rápidos. Tem de haver um equilíbrio para que as pessoas possam sentir adrenalina mas também segurança. E para que nos recomendem. Por isso trabalhamos com alguns dos melhores velejadores nacionais”, ressalta.

Patrocínios e eventos já representam 70% do negócio
A publicidade e os eventos representam hoje 70% da actividade da Terra Incógnita, cabendo a maior fatia aos eventos (40%). Depois da Chivas Regal, surgiram outros como a Pioneer, Siemens, Honda, Ericsson e Liberty Seguros, o que significa que “12 dos nossos 17 barcos estão patrocinados. Acreditamos que, até ao fim do ano, vamos ter patrocínio para os restantes”, refere. As contrapartidas são a pintura dos barcos com as cores dos patrocinadores e a disponibilização dos barcos a eventos de team building e coaching às empresas. Uma forma de reforçar a comunicação e a ligação entre os membros das empresas. Junte-se a isso as acções de solidariedade social, “em que são convidadas, por exemplo, crianças desfavorecidas que não teriam outra forma de navegar”. Bernardo Queiroz refere que a vela é uma alternativa a outros desportos, por ser “um desporto de equipa, ao ar livre, não poluente e com ligação à história de Portugal”.

ATR Portugal chega a vários países
À parte destas actividades, foi criada a ATR Portugal, uma empresa em parceria com a ATR France e que é especializada em eventos náuticos. “Fazemos actividades de coaching e team building e levamos as pessoas em regatas. Aí temos as grandes seguradoras, bancos, consultoras… Este ano já organizámos 85 eventos”. O número de empresas a aderir a estas actividades tem aumentado mesmo além fronteiras. “Temos holandeses, franceses e espanhóis a vir cá, porque a vela é trabalho de equipa por excelência: incentiva o trabalho, coordenação e integração dos elementos”, salienta. Para isso, foi desenvolvido um trabalho conjunto com agências de viagens.
Aos barcos da Benetéau, Optimist e Jeanneau, juntam-se mais dez Archambault da ATR, empresa que tem ajudado a promover a Terra Incógnita em salões como o de Paris. A venda de barcos novos e usados é um negócio que começa agora a ser explorado com a marca Archambault, mas ainda com pouco peso no negócio. A facturação da empresa tem vindo a crescer, “exponencialmente” alimentada por um número cada vez maior de interessados. “Temos pessoas dos 16 aos 60 e cada vez mais mulheres”, conclui Bernardo Queiroz

www.terraincognita.pt

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