Tripulações preparam-se para defrontar os mares do Sul

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Um jogo de risco e recompensa antes da enorme depressão do Oceano Indíco.
Um compromisso entre a velocidade e a segurança é o que todos procuram na frota da Volvo Ocean Race esta terça-feira (12.12.2017), à medida que as equipas se preparam para o primeiro embate real coma brutalidade dos mares do sul.

©James Blake/Volvo Ocean Race

©James Blake/Volvo Ocean Race

Enquanto Melbourne está a cerca de 5.000 milhas náuticas da proa das equipas, é o que está por trás delas que as está consumindo.
Uma enorme depressão está-se a formar a oeste da frota, com ventos de até 60 nós no seu centro – e está a mover-se tão rápido que os sete Volvo Ocean 65s não poderão ultrapassá-la.
Em vez disso, as equipas terão que tomar decisões difíceis sobre onde posicionar-se em relação à tempestade, que está prevista para surgir na quinta-feira.
O jogo é entre o risco e a recompensa. Uma rota mais a sul garante uma navegação mais rápida no próximo dia ou dois, mas com isto vem o perigo de estar mais perto do centro da depressão.
Além disso, uma zona de exclusão virtual para manter a frota a norte dos campos de gelo da Antártida, impedirá que as equipas mergulhem abaixo da baixa pressão, para escapar às suas condições mais fortes.
Por outro lado, a opção pelo norte parece mais segura, pois irá colocar as equipas mais longe do centro da tempestade, aliviando a enorme pressão sobre o barco, mas, sem dúvida qoe os fará andar mais devagar.

©Jeremie Lecaudey/Volvo Ocean Rac

©Jeremie Lecaudey/Volvo Ocean Rac

Hoje (12.12.2017) a frota dividiu-se, com o atual líder Dongfeng Race Team, MAPFRE, Akzonobel e o Team Brunel optando por ir para o sul, enquanto o Team Sun Hung Kai / Scallywag, Vestas 11th Hour Racing e Turn the Tide on Plastic optaram por ficar mais a norte.
Existe um certo risco de ir mais para sul, e ficar com a depressão pela frente “, explicou Simon Fisher, navegador do Vestas.
Se pudermos estar mais ao norte e continuar a progredir, certamente seria o modo mais sensato para um marinheiro“.
Saber quando por “prego a fundo” e quando escolher a opção mais conservadora é vital para vencer a Volvo Ocean Race, e Fisher é um especialista nesse tipo de decisões – ele orientou o Abu Dhabi Ocean Racing para a vitória em 2014 -15.
Vai ser um par de dias interessantes“, acrescentou. “Será uma linha fina entre a navegação o mais rápido possível no melhor rumo, versus, manter tudo seguro, cuidando do barco e não se colocar em nenhum lugar em que possa ser atropelado pela baixa.
Queremos navegar o mais rápido possível, mas temos que ter cuidado para não entrar na baixa pressão onde o vento chega, o estado do mar é terrível e nós somos empurrados contra a “Ice Gate””.
Talvez, o único tripulante que não esteve inteiramente consumido com pensamentos sobre o tempo iminente, fosse o skipper Bouwe Bekking. O pai do velejador holandês faleceu na semana passada, e o seu funeral é hoje (12.12).
Bekking, um dos velejadores mais experientes da competição com sete participações, admitiu que sua mente estava noutro lugar, numa emocional mensagem enviada de bordo.
Nós sabíamos que era apenas uma questão de tempo, e concordamos de antemão que eu iria competir, mas não me sinto feliz com isso“, escreveu ele.
O único conforto que tenho é que meu pai alcançou uma bonita idade, foi o mais velho até agora na história da família e ele teve uma boa vida. Ele sempre apoiou minha escolha para me tornar um marinheiro profissional: apenas vive a tua vida e diverte-te a 100 por cento.
Então, mesmo que estivéssemos com condições muito duras, hoje os meus pensamentos estão com o meu pai, de quem sentirei muita falta“.

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