Caminhar na Lua – debaixo de água

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É uma das “piscinas” mais profundas da Europa, mas há três anos tem vindo a ajudar nos preparativos para um retorno humano à Lua. O Centro de Flutuação Neutra da ESA, no Centro Europeu de Astronautas, tem sido o local do estudo “Moondive”, utilizando trajes espaciais especialmente pesados para simular a gravidade lunar, que é apenas um sexto a da Terra.

Simulação da EVA lunar subaquática. ©ESA/COMEX

Simulação da EVA lunar subaquática. ©ESA/COMEX

O estudo de três anos foi realizado no Centro de Flutuação Neutra (NBF), de 10 metros de profundidade, perto de Colónia, na Alemanha. Este é um dos quatro tanques de imersão em todo o mundo – os outros estão nos Estados Unidos, China e Rússia – e é usado para treinar astronautas para a “atividade veicular extra” (EVA), também conhecida como caminhada espacial.

Com as operações da Estação Espacial Internacional a direcionar-se a um retorno lunar internacional no final de 2020, o NBF da ESA tem sido utilizado para investigar os procedimentos do moonwalk para a superfície lunar.

Centro de Flutuação Neutra da ESA na EAC. ©ESA–S. Corvaja, 2015

Centro de Flutuação Neutra da ESA na EAC. ©ESA–S. Corvaja, 2015

Hervé Stevenin, Diretor de Treino EVA e Operações NBF da ESA, no Centro Europeu de Astronautas (EAC), explica: “A beleza da imersão na água no ESA-NBF é que podemos simular não apenas a gravidade de longa duração, mas também a gravidade parcial, como na Lua ou em Marte, ajustando a flutuabilidade negativa dos astronautas e de todos os equipamentos que usam.

O Moondive era administrado por um consórcio liderado pela empresa francesa Comex, especializada em exploração humana e robótica de ambientes extremos.

Queríamos avaliar como o NBF poderia ser adaptado para permitir testes de equipamentos EVA, ferramentas e conceitos operacionais em simulações da gravidade da Lua,” afirma Peter Weiss, chefe do Departamento Espacial da Comex.

Concentrámo-nos nas técnicas e na tecnologia que precisaremos para preparar os astronautas para futuras missões à Lua. A ideia era criar um banco de dados de itens, ferramentas e tarefas que os astronautas pudessem utilizar em missões para a Lua, não apenas para fins de treino, mas também para testar e validar novos equipamentos e modos de fazer as coisas.

A empresa de Serviços de Aplicações Espaciais estudou as missões Apollo, das décadas de 1960 e 1970, bem como os requisitos esperados para a futura exploração da Lua. A equipa enumerou as tarefas e ferramentas mais importantes, como ponto de partida para o que precisariam fazer no NBF.

O estudo Moondive foi muito bem-sucedido”, acrescenta o Dr. Weiss, “conduzindo à primeira simulação de caminhada espacial da ESA em gravidade parcial, dentro do NBF. Usámos um exoesqueleto reproduzindo o volume e a limitação de movimento de um traje espacial pressurizado e, em seguida, realizámos testes de amostragem geológica da superfície lunar na parte inferior do tanque de água da ESA.

É realmente incrível experienciar nós mesmo algo que esta geração só viu em imagens de vídeo”, diz Hervé, “como a estratégia de caminhada ideal nessa flutuabilidade negativa afinada acaba sendo o salto de canguru, assim como os astronautas da Apollo fizeram na lua.

Simulação de um sexto de gravidade. ©ESA/COMEX

Simulação de um sexto de gravidade. ©ESA/COMEX

A NBF atualizada junta-se a uma gama de simuladores ESA, programas informáticos e equipamento de treino e o Luna Dome da EAC – atualmente em preparação, projetado para simular os efeitos da poeira lunar em equipamentos e maquinaria – colocando a Europa na vanguarda de instalações de testes e treino para a exploração humana da Lua.

O projeto Moondive foi apoiado pelas Atividades Básicas da ESA. Fonte: ESA

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