Trio de Crateras

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Tripla cratera em Terra Sirenum. Copyright ESA/DLR/FU Berlin, CC BY-SA 3.0 IGO

Tripla cratera em Terra Sirenum. Copyright ESA/DLR/FU Berlin, CC BY-SA 3.0 IGO

À primeira vista, esta imagem pode não parecer fora do comum, mas a grande cratera alongada marca a impressão de um corpo impactante que pode ter-se fraturado em três, antes de atingir Marte.

As imagens foram adquiridas pelo Mars Express da ESA, no dia 28 de janeiro, e concentram-se numa das regiões mais antigas de Marte, Terra Sirenum, no planalto sul.

Terra Sirenum em contexto. Copyright NASA MGS MOLA Science Team

Terra Sirenum em contexto. Copyright NASA MGS MOLA Science Team

O canal alongado no centro desta imagem tem 45 km de comprimento e 24 km de diâmetro. A análise do contorno sugere que duas crateras do mesmo tamanho e uma menor se fundiram para criar a forma da pegada.

Dois grupos de material em relevo podem ser vistos no fundo da cratera. Estes picos são criados à medida que a cavidade da cratera inicial, produzida pelo impacto, colapsa devido à gravidade. A cratera menor também deixa entrever um pico central.
Pensa-se que crateras como estas se possam ter formado ao mesmo tempo, mas há uma série de ideias sobre como isto aconteceu. Por exemplo, um objeto poderia ter-se fraturado em pedaços menores depois de entrar na atmosfera, golpeando a superfície, numa rápida sucessão, no mesmo local.
Alternativamente, pode ter-se quebrado em dois ou três grandes pedaços no primeiro contacto com a superfície, com o movimento dianteiro dos novos fragmentos a conduzirem à segunda e terceira crateras.
Outra ideia é que vários componentes estreitamente ligados – como um asteroide duplo ou triplo – poderiam também resultar em tais crateras.

Topografia de uma cratera tripla. Copyright ESA/DLR/FU Berlin, CC BY-SA 3.0 IGO

Topografia de uma cratera tripla. Copyright ESA/DLR/FU Berlin, CC BY-SA 3.0 IGO

Em qualquer caso, o facto das camadas de detritos lançados pelo acontecimento parecerem ser contínuas e com uma espessura uniforme em torno da cratera, aponta ainda para que os impactos tenham ocorrido ao mesmo tempo.
Além disso, o material ejetado é distribuído de forma irregular ao redor da cavidade, de modo que existem dois lóbulos dominantes de material em lados opostos, criando um padrão de ejeção denominado “borboleta”.

Vista em perspetiva de uma cratera tripla. Copyright ESA/DLR/FU Berlin ,CC BY-SA 3.0 IGO

Vista em perspetiva de uma cratera tripla. Copyright ESA/DLR/FU Berlin , CC BY-SA 3.0 IGO

Esta formação sugere que a superfície foi atingida num ângulo baixo, com o movimento do objeto da parte superior direita para a parte inferior esquerda, levando a mais detritos espalhados por longe.
O material ejetado também foi espalhado por crateras vizinhas, particularmente aquelas na parte mais distante à direita e inferior direita na imagem principal.
A cratera circular diretamente acima da cratera alongada, nesta visão, é um tipo diferente de cratera tripla. As duas crateras menores – uma na borda e outra no fundo – formaram-se em momentos diferentes, conforme determinado pelas leis de superposição. Os seus contornos estão bem definidos, mostrando que a maior cratera teve tempo para se formar e se estabelecer, antes que as menores fossem formadas.
A forma deformada do rebordo da cratera mais interna pode estar ligada à formação da cratera alongada.

Vista anáglifa de Terra Sirenum. Copyright ESA/DLR/FU Berlin, CC BY-SA 3.0 IGO

Vista anáglifa de Terra Sirenum. Copyright ESA/DLR/FU Berlin, CC BY-SA 3.0 IGO

Numerosos outros exemplos de crateras sobrepostas podem ser encontrados nesta imagem, testemunho da antiguidade da região.
Além de uma maior clareza sobre a história da cratera, as análises do Mars Express e do Mars Reconnaissance Orbiter da NASA detetaram sinais de minerais de argila em material em camadas, observados dentro de crateras e nas planícies entre elas, sugerindo a presença de água há mais de 3,7 mil milhões de anos. Fonte: ESA

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