6º Troféu de Pesca Grossa Cidade de Olhão: Espadim Azul, o grande dominador…

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Copyright © Texto: Luís Borges e Náutica Press / Imagens: Náutica Press

Foi um frenesim de espadins azuis, o que aconteceu no decorrer do 6º Troféu de Olhão. Nada mais nada menos que 4 espadins azuis capturados (2 libertados), mais 4 espadins brancos (todos libertados). Foram registados 22 combates com espadins azuis, 8 em simultâneo e no mesmo barco (Marlin) aconteceu o que se considera uma raridade, terem picado dois azuis ao mesmo tempo, propiciando uma luta épica e extremamente difícil de gerir.


Espadim-azul com 316,2 kg capturado pela tripulação do Gina IV

Foi o Grupo Naval de Olhão que organizou este 6º Troféu de Pesca Grossa Cidade de Olhão, sobe a égide da EFSA. Este torneio, considerado já um clássico da pesca grossa desportiva em Portugal, atraiu os pescadores mais credenciados, pelo desafio da pesca do melhor troféu. Por este facto, inscreveram-se 30 embarcações, espanholas inclusive. Estavam em causa, os já celebres espadins-azuis, muito comuns nas águas algarvias. Começa já a ser uma moda europeia vir pescar espadins-azuis ao Algarve. O Algarve perfila-se como um dos triângulos mais pesqueiros desta espécie. Os “Picos Hermínios”, mesmo em frente a Olhão (a umas 35 milhas) e local privilegiado dos espadins, onde os pescadores portugueses, sobretudo, investem as suas expectativas, os seus recursos e os seus conhecimentos.

Este torneio foi este ano incluído na EFSA, a maior federação mundial de pesca desportiva. Trata-se da participação europeia e do prestígio que o Clube e a cidade de Olhão merecem, pela divulgação que os torneios integrados têm direito.


Espadim-azul com 261,2 kg capturado pela tripulação do Blue Wave

As condições do estado do mar e do tempo preocuparam. Na véspera ventos fortes e chuva copiosa, bem como o arrefecimento das águas para 21º C, preocupou mesmo. Contudo, as previsões mostravam-se propícias e este vaticínio acabou por cumprir-se.
A organização – com Rui Gomes como Director – esteve à altura, com todos os pormenores logísticos a serem sempre muito ponderados e as decisões difíceis a serem resolvidas com eficácia. Aliás, o Rui Gomes já nos habituou a estas características.

Os principais patrocinadores deste importante torneio foram: a Câmara Municipal de Olhão, a Conserveira do Sul, a Ansegra, a Armindo Silva, a Sagres e a Hiro. Destaque para o Município de Olhão.
Sobre o Regulamento do Torneio um realce para as características da pontuação. As espécies em disputa eram as seguintes: 3 espécies de bico (espadim-azul; espadim-branco e espadarte); 8 tunídeos (rabilho; patudo;albacora; voador; sarrajão; gaiado; merma e judeu) e um caranguídeo (doirado). Eram considerados os pesos mínimos de captura, os pontos por quilo e os pontos por libertação.
A classificação era obtida pelo somatório das pontuações dos dois dias de prova.

A partida para cada jornada de pesca foi efectuada às 09h00, na barra de Faro/Olhão e a chegada às 18h00 e 17h00, respectivamente no 1º e 2º dias.
Às 18h00 do dia 17 de Agosto, quinta-feira, realizou-se o cocktail de recepção e às 19h00 a Reunião de Capitães.


A embarcação Jocanana em plena actividade

Como é habitual várias questões foram colocadas: porque não incluir o Espadim-do-Mediterrâneo nas espécies de bico, uma vez que é comum aparecer; o caso do espadarte, que durante o horário de competição (durante o dia) e ao corrico não é possível pescá-lo; ainda o pormenor do fio de 80 lb, com a possibilidade de se autorizar as 130 lb. Por maioria, a assembleia de Capitães decidiu manter o estipulado no Regulamento. Foi ainda aprovado, mediante proposta de Louis Tchertof, que a EFSA efectuasse um levantamento dos espadins-azuis capturados no Algarve e, simultaneamente, com que fio. Com estes dados a EFSA apresentaria eventualmente uma proposta fundamentada na Reunião de Londres do próximo ano, a solicitar autorização para a utilização das 130 lb.

1º dia de prova
Partida às 09h00 da barra de Faro/Olhão, coordenada pela Capitania do Porto de Olhão. As condições do mar estavam normais com vaga de cerca de 1 metro e vento de 4 nós. Por volta das 11 horas o vento de sudoeste surgiu e as condições do estado mar pioraram.
Os barcos de maior porte foram pescar para os “Picos Hermínios” à procura dos almejados espadins-azuis.
No final da primeira jornada de pesca os resultados foram os seguintes:

2º dia de prova
A segunda jornada, em termos de estado do mar, mostrou-se mais adequada – vento ligeiro, ondulação de 1 metro e subida de temperatura da água do mar.
No final da fabulosa e entusiasmante segunda jornada a classificação ficou assim estabelecida:

Quanto à classificação final:

Êxito absoluto para este Torneio. No próximo ano – o 7º Troféu de Pesca Grossa Cidade de Olhão – irá ser antecipado uma semana a fim de coincidir com o Festival de Marisco de Olhão.


A bordo do Náutica Riominho a espera foi longa

A bordo do “Náutica Riominho”
A nossa reportagem foi realizada a bordo do Rodman 10.20 “Náutica Riominho” sob o comando do mestre Franklin auxiliado pelo Fernando. O pescador de bordo foi uma inglesa apaixonada pela pesca grossa e que costuma participar nos torneios do Algarve.
O ambiente a bordo era de grande expectativa e de alguma ansiedade. A concorrência era forte com diversos barcos bem equipados e com pescadores experimentados. Mestre Franklin orientou todos os preparativos a bordo desde a colocação das canas, ao tipo de amostra à gramagem das linhas. Nada foi deixado ao acaso porque o sucesso de uma pesca pouco tem a ver com a sorte mas muito com a sabedoria e experiência e um profundo conhecimento do mar e dos seus habitantes.

Ligados os dois motores Volvo era tempo de nos dirigirmos aos Picos Hermínos, um local de grande comedoria situado no meio do Atlântico, a cerca de 200 m da superfície. O primeiro dia foi de um marasmo total com os grandes espadins a alimentarem-se no fundo não ligando às amostras coloridas. Apenas um espadim azul mostrou toda a sua pujança realizando um toque mas sem consequência. Um dia para esquecer…


Aspecto do combate a bordo da embarcação Náutica Riominho

No segundo dia, mestre Franklin, usou uma amostra diferente na qual depositava uma grande confiança…
Rumo aos Picos Hermínios a toda velocidade pois, as condições atmosféricas tinham mudado para melhor (sol radioso) e as possibilidades de capturam tinham aumentado. A cerca de 4 milhas do nosso destino avistámos peixe, amostras para o mar e começou o jogo do gato e do rato…

Pouco tempo passado, um toque. O ambiente calmo que vivíamos a bordo foi alterado bruscamente com gritos de “…é azul, é azul…” e com movimentos rápidos e sincronizados de recolha das canas que não estavam em trabalho. A captura de um peixe de grandes dimensões requer perícia do pescador e um trabalho coordenado de quem comanda a embarcação. Quando finalmente a cana é passada, por dois homens, para a cadeira de combate o espadim-azul, numa manifestação de poder cruza a esteira da esquerda para a direita em grande velocidade e leva consigo a amostra que o mestre Franklin tinha escolhido. A bordo, os momentos seguintes são de grande frustração tentando encontrarem-se culpados para tamanho desaire mas, no final, é unânime a opinião de que a captura de um animal com cerca de 300 kg de peso e uma força descomunal não é para qualquer um.


Espadim-branco capturado

Continuámos o nosso trajecto sempre em busca do almejado espadim-azul ouvindo, via VHF, os relatos de outros encontros e combates. O dia de prova estava a terminar e capturas nada…até que temos um novo toque. A esperança renasce e novamente aquela confusão organizada a bordo. O comportamento do animal na água levanta dúvidas quanto à espécie. Não assistimos a nenhum salto, o animal afunda e os prognósticos a bordo, é que deve ser um atum? Só quando se aproxima da borda é que referenciado um espadim-branco de pequenas dimensões. A ideia do mestre Franklin é de fotografar o animal e devolvê-lo ao mar mas, nesta tentativa o espadim investe contra o barco e abre uma brecha na cabeça que acabou por comprometer o seu futuro. Foi o primeiro espadim pescado pelo barco Riominho…

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