ASTRONOMIA: Cientistas envolvidos na missão Mars Express descobrem um Marte diferente por baixo da s

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Copyright © Texto: ESA Fotos: ESA/ASI/NASA/Univ. of Rome/JPL/Smithsonian

Os resultados foram obtidos pelo MARSIS, o radar de sondagem pioneiro a bordo do veículo orbital Mars Express da ESA, e fornecem novas e importantes pistas acerca da ainda misteriosa história geológica de Marte.
As observações do MARSIS, o primeiro radar de sondagem sub superficial utilizado para explorar um planeta, sugerem fortemente que antigas crateras de impacto permanecem enterradas por baixo das planícies suaves e pouco elevadas do hemisfério norte de Marte. A técnica utiliza ecos de ondas de rádio que penetraram abaixo da superfície.


Localização das crateras subterradas detectadas pelo MARSIS

O MARSIS descobriu provas que estas crateras de impacto subterradas – com cerca de 130 a 470 quilómetros de diâmetro – existem por baixo da maioria das terras baixas do norte.
Com o MARSIS “é quase como ter uma visão de raios X,”, afirmou Thomas R. Watters, do Centro de Estudos Planetários e da Terra do Museu do Ar e do Espaço, Washington, e autor principal dos resultados. “Para além da descoberta de bacias de impacto anteriormente desconhecidas, confirmámos também que algumas depressões topográficas subtis nas planícies, com uma forma aproximadamente circular, estão relacionadas com características de impacto.”
Os estudos sobre a evolução de Marte ajudam a compreender a formação da Terra. Alguns sinais das forças que actuavam há alguns milhares de milhões de anos são mais difíceis de detectar na Terra pois muitos deles foram apagados pela actividade tectónica e pela erosão.


Representação dos ecos da sub-superfície

As novas descobertas oferecem aos cientistas planetários uma melhor compreensão de um dos mistérios mais duradouros da evolução geológica e da história de Marte. Ao contrário da Terra, Marte apresenta uma diferença notável entre os seus hemisférios norte e sul. Quase todo o hemisfério sul possui terras altas rochosas e com muitas crateras, enquanto que a maior parte do hemisfério norte é mais suave e tem uma menor elevação.
Uma vez que os impactos que provocaram as crateras podem acontecer em qualquer local de um planeta, as áreas com menos crateras são geralmente interpretadas como superfícies mais recentes onde os processos geológicos apagaram as marcas do impacto. A superfície das planícies do norte de Marte é recente e suave, coberta por grandes quantidades de lava vulcânica e sedimentos. No entanto, os novos dados do MARSIS indicam que a camada inferior é extremamente antiga.



“O número de crateras de impacto subterradas com mais de 200 quilómetros de diâmetro que descobrimos com o MARSIS,” afirmou Jeffrey Plaut, Investigador co-Principal do MARSIS, do Laboratório de Propulsão a Jacto (JPL), na Califórnia, “diz-nos que a camada subjacente das terras baixas do norte deve ser muito antiga, remontando à época primitiva de Noé (desde o aparecimento do planeta há cerca de 4 mil milhões de anos).” A época primitiva de Noé foi uma era em que a formação de crateras de impacto era muito intensa em todo o Sistema Solar.
Os resultados sugerem que a crosta das terras baixas do norte é tão antiga como as mais antigas terras altas do sul expostas, que remontam também à época de Noé (do inglês Noachian epoch) e que a dicotomia entre os hemisférios norte e sul provavelmente se formou muito cedo na história de Marte.
“Estes resultados são verdadeiramente interessantes e sem precedentes,” acrescentou Giovanni Picardi, investigador principal do MARSIS, da Universidade de Roma ‘La Sapienza’. “O MARSIS pode contribuir para a compreensão da geologia de Marte através da análise da morfologia da superfície e da sub superfície. Além disso, com uma análise detalhada dos dados obtidos através do instrumento, podemos também obter indicações valiosas acerca da composição dos materiais.”

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