Projecto HERMES – acrónimo para “Hotspot Ecosystem Research on the Margins of European Seas”

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Fonte: Instituto Hidrográfico

Irá estudar os ecossistemas marinhos da zona profunda da margem continental Europeia.

Um projecto envolvendo 15 países europeus, entre os quais Portugal, foi recentemente financiado com 15 milhões de euros para a investigação do oceano profundo ao largo da costa Europeia.

Coordenado pelo Professor Phil Weaver, do Centro Oceanográfico de Southampton (Reino Unido), o projecto HERMES – acrónimo para “Hotspot Ecosystem Research on the Margins of European Seas” – irá estudar os ecossistemas marinhos da zona profunda da margem continental Europeia, constituindo um dos mais importantes projecto de investigação do seu género.

Abrangendo a região entre o bordo da plataforma continental (localizada a cerca de 200 metros de profundidade) e o início da planície abissal (profundidades de cerca de 4000 metros), a zona profunda da margem continental Europeia estende-se por 15000 quilómetros, do Ártico até à margem Ibérica, continuando pelo Mediterrâneo até ao Mar Negro. Esta região cobre cerca de 3 milhões de quilómetros quadrados, uma área equivalente a um terço do território continental Europeu, do qual uma grande parte se inscreve na Zona Económica Exclusiva Europeia. Tal facto confere uma particular importância a esta fronteira oceânica profunda, na perspectiva da exploração dos seus recursos biológicos, energéticos e minerais

O projecto HERMES reúne especialistas nas áreas da biodiversidade, geologia marinha, sedimentologia, oceanografia física, microbiologia e biogeoquímica, bem como especialistas em domínios sócio-económicos. Este projecto representa a primeira grande tentativa de compreender, de forma integrada, os ecossistemas marinhos profundos Europeus e o seu meio ambiente.

A equipa de cientistas do projecto HERMES irá investigar as manifestações da vida nas grandes profundidades, num conjunto de áreas que se estendem do Ártico ao Golfo de Cádiz, passando pelo Mediterrâneo, até ao Mar Negro. Estas regiões englobam um vasto leque de ecossistemas “hotspot”, isto é ecossistemas caracterizados por uma biodiversidade invulgarmente alta, fortemente condicionados por factores topográficos, químicos, físicos e geológicos. Entre os ecossistemas deste tipo que serão estudados pelo projecto HERMES salientam-se as comunidades biológicas que vivem nas vertentes continentais expostas, as quais podem ser afectadas por escorregamentos de sedimentos do fundo ou por correntes profundas, as comunidades biológicas cuja vida depende de emissões de fluidos a partir do fundo marinho (fontes frias), os recifes de coral de profundidade, as comunidades biológicas específicas dos canhões submarinos e os ambientes marinhos anóxicos.

Conforme explica o Professor Weaver, “estes sistemas são incrivelmente frágeis e exigem um estudo urgente. Um objectivo central do projecto HERMES será a avaliação da vulnerabilidade destas comunidades às mudanças globais e às actividades humanas e, caso necessário, o desenvolvimento de estratégias para a sua protecção. Os resultados do projecto serão, assim, relevantes no apoio à decisão das política da União Europeia”.

No decurso dos próximos quatro anos, o projecto HERMES irá fazer uma utilização intensiva das mais recentes tecnologias para trabalho científico no oceano profundo. Um extenso programa de cruzeiros de investigação irá permitir recolher informações preciosas sobre a vida marinha nas regiões oceânicas profundas ao longo da margem Europeia, utilizando nomeadamente veículos submarinos de operação
profundas ao longo da margem Europeia, utilizando nomeadamente veículos submarinos de operação remota (ROV) do Centro de Oceanografia de Southampton (Reino Unido), do IFREMER (França) e da Universidade de Bremen (Alemanha).

O projecto HERMES teve início em Abril de 2005 e irá estender-se por 4 anos. O financiamento europeu para este projecto é fornecido no quadro do Sexto Programa Quadro – Alterações Globais e Ecossistemas. O consórcio HERMES é constituído por 36 instituto de investigação e 9 pequenas empresas, abrangendo 15 países Europeus.

O consórcio HERMES integra duas instituições de investigação portuguesas. O Instituto Hidrográfico irá contribuir para este projecto através da caracterização dos processos físicos, geológicos e químicos nas áreas dos canhões submarinos da Nazaré e de Setúbal/Lisboa. Este instituto constitui, ainda, o centro de coordenação regional da área Portugal/Golfo de Cádiz, sendo o responsável pelo desenvolvimento de produtos SIG (Sistemas de Informação Geográfica) para o apoio ou divulgação dos resultados científicos a obter no âmbito do projecto. A Universidade de Aveiro contribui para o projecto HERMES através do estudo das comunidades biológicas profundas existentes nas áreas dos canhões submarinos portugueses e no Golfo de Cádiz, nomeadamente nos aspectos relacionados com a biodiversidade e com a relação entre a distribuição das espécie e factores ambientais.

Para estas e outras noticias consulte www.hidrográfico.pt

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